As Doze Noites Santas (Edna Andrade)
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As 12 badaladas da meia noite do Natal
anunciam a vigília que é um preparo espiritual, como se as Noites Santas fossem
uma prévia dos 12 meses do ano que se inicia.
As virtudes recebidas das hierarquias
espirituais nesta época, através da meditação,injetam suas forças no nosso
desenvolvimento espiritual ao longo do novo ano.
Uma atenção especial deveria ser dada
aos sonhos como mensageiros do espírito.
A tradição das 12 Noites Santas e o
Zodíaco
Podemos associar esta tradição à
sabedoria antiga do Oriente através do relato da Jornada dos Reis Magos do
Evangelho de Mateus. 2.2 a 10
Na noite em que nasceu o Salvador, uma
estrela se iluminou e este era o sinal há muito esperado pelos Iniciados do
Oriente, que durante 12 noites seguintes seguiram o brilho da estrela que os
precedia até alcançar a criança que havia sido anunciada como o Messias.
O relato do Evangelho de Mateus nos
remete para os mistérios espirituais da antiguidade, etapa do desenvolvimento
da humanidade da época do assentamento na região do Mediterrâneo quando aqueles
que eram iniciados desenvolviam a visão clarividente através da qual, o que
hoje é considerado pela astronomia como corpos siderais, eram vistos por eles
como a manifestação de seres espirituais em atividade constante e transmutação
contínua.
A este antigo estado de consciência
clarividente está associado o surgimento da astrologia, esta sabedoria baseada
na analogia do movimento e posição dos astros com o destino humano. Ao fazermos
a vigília das Noites Santas podemos retomar a jornada dos Reis Magos através da
ligação interior com este sabedoria a respeito das 12 constelações do Zodíaco.
Quem são os seres que vamos encontrar na jornada das 12 Noites Santas?
Rudol Steiner refere-se às hierarquias espirituais em muitas de suas palestras. Inicialmente ele lhes dedica um capítulo na Ciência Oculta (1905) descrevendo a atuação delas na evolução do universo e do ser humano.
As nove hierarquias espirituais podem
ser contempladas como esculturas no portão sul da Catedral de Chartres
desde o século XIII. Chartres foi a mais importante catedral gótica da idade
média e neste portão, chamado de Portão da Transubstanciação, as hierarquias
formam uma escada ascendente que representa o ensino espiritual da Escola de
Chartres. O aluno deveria, de degrau em degrau (gradualmente), adquirir
consciência destes seres espirituais que representavam diferentes estados de
consciência.
Neste aprendizado o pensamento era
considerado um instrumento necessário para a percepção do espiritual desde que
fosse casado com a vivência dos sentimentos e assim tornavam-se ambos, pensar e
sentir, órgãos de compreensão e de participação no mundo espiritual.
Os nomes das hierarquias se originaram
de um manuscrito de Dionísio, o Aeropagita que fundou a primeira escola
esotérica cristã da antiguidade. Dionísio, um iniciado dos antigos centros de
mistérios gregos, renomeou os seres divinos que era chamados como os
seres de Vênus, os seres de Mercúrio,etc.. a partir da revelação do Cristo
feita a ele por Paulo de Damasco em Atenas.
O manuscrito sobreviveu ao longo de
séculos até ir parar em Chartres e é intitulado: "Os Nomes divinos e a
Teologia Mística", descrevendo dramaticamente os nove níveis de seres
divinos associados em grupos de três hierarquias que participaram da evolução
da terra e do ser humano.
A primeira hieraquia inclui os
Serafins, Querubins e Tronos que iniciaram a evolução estando tanto no seu
início como no seu fim – no Alfa e no Omega,
Eles atuam a partir do divino, da
esfera macrocósmica que é denominada como a esfera do Pai, de Deus, de Alá, do
amor divino, da doação cósmica. Eles são seres de um estado evolutivo anterior
ao nosso, tão avançados em sua evolução que foram capazes de fazer fluir de si
a sua própria substância dando nascimento ao atual estado do nosso sistema
solar.
A segunda hierarquia é formada pelos
Kyriotetes, Dynamis e os Exusiai.
Enquanto no processo de configuração
do nosso Cosmos a primeira hierarquia atuou de fora, eles, de dentro do
processo, acolheram os planos divinos transformando-os em sabedoria, dando-lhe
movimento e forma.
E por último a terceira hierarquia, os
Arqueus, Arcanjos e Anjos próximos ao seu humano porque desenvolveram a sua
essência nesta etapa evolutiva em que nós, Anthropos, nos encontramos e na qual
estamos destinados a nos tornar co-criadores da evolução..
Primeira
hierarquia Segunda
hierarquia
Terceira hierarquia
Serafins
Kyriotetes
Arqueus
Querubins
Dynamis
Arcanjos
Tronos
Exusiai
Anjos
Já nos últimos anos de sua vida, em
uma palestra intitulada a Palavra Cósmica e o Homem Individual (2/05/1923)
, Rudolf Steiner chama a atenção para o fato de que o homem auto
consciente deveria re-aprender a vivenciar as hierarquias na sua vida
interna como realidades.
Nesta palestra ele diz que estes seres
espirituais vem ao nosso encontro quando nos preparamos para conhecê-los e
falarão à nossa alma primeiramente como pensamentos e sentimentos, e só depois
então o perceberemos como realidades.
Em um texto intitulado "O Zodíaco
e as Hierarquias Espirituais", Sergej Prokofieff, atualmente um dos
dirigentes mundiais da Antroposofia, inspirado por diversas palestras de Rudolf
Steiner, descreve o ensino espiritual de Chartres nesta tradição da
vigília das 12 noites santas.
Ele delineia a escada de expansão da
consciência que ajuda a dar nascimento, no último degrau, ao ser divino em cada
um de nós.
O primeiro degrau da escada se assenta
na esfera humana terrena e cada degrau nos leva gradualmente à esfera
macrocósmica, à esfera divina.
Prokofieff faz uma analogia entre este
caminho de transformação e o processo de desenvolvimento descrito por R.
Steiner como o caminho de Jesus a Cristo.
Jesus nasce como a criança arquetípica
destinada a se desenvolver como um ser humano de tal forma que possa acolher em
si o Eu do Cosmo no Batismo do Jordão.
Este acontecimento místico
derramará sua influência por sobre toda a história humanidade como um grande
arquétipo de desenvolvimento espiritual.
PRIMEIRA NOITE SANTA
Soam as 12 badaladas da meia noite
anunciando o Natal. Vem a aurora, atravessamos o dia, cai a noite e uma
luz se acende no céu irradiando um brilho que emana da Constelação de Peixes e
ilumina a primeira vigília santa.
Estamos no primeiro degrau da escada
que está assentada na esfera humana terrena na dimensão da existência do
anthropos – o ser da liberdade.
A liberdade é uma das duas principais
forças espirituais que nos foram destinadas conquistar ao longo da vida. A outra
força será ao final da escada, o amor.
A sabedoria antiga nos conta que foram
as forças espirituais de Peixes que configuraram os pés humanos. Quando
observamos os pés verificamos que eles são formados em forma de uma abobada que
vai propiciar simultaneamente com a verticalização da coluna o andar ereto,
primeiro grande aprendizado da vida. Quando criança nos arrastamos,
engatinhamos e finalmente nos erguemos e nos apoiamos-nos próprios pés
superando as forças da gravidade significando isto uma grande conquista e a
condição para o desenvolvimento do pensamento, sendo o pensar o que diferencia
o Humano dos outros reinos da natureza.
Ao longo da vida seguidamente fazemos
uma analogia íntima com este fato:
“andar nos meus próprios pés, saber
por onde ando,”, seguir os meus próprios passos,” “não vou andar nos passos de
ninguém” são expressões que expressam uma correta relação com a terra e com o
destino em termos de liberdade pessoal.
Nesta primeira Noite Santa recebemos
da constelação de Peixes os impulsos para se firmar nos próprios pés e se
erguer, condições básicas para alcançar a liberdade individual, meta ao qual
nos destinamos como seres individualizados
SEGUNDA NOITE SANTA
Nasce o Sol, atravessamos o segundo
dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de
Aquário o segundo degrau desta escada espiritual. Deste portal emanam para nós
as forças espirituais dos Anjos.
Os anjos são representados pela figura
de um ser que derrama a água, o símbolo da vida e assim eles também são
chamados de “Filhos da Vida”.
Eles são os seres espirituais
imediatamente superiores a nós mantendo conosco uma relação próxima. O
encontramos logo cedo no nascimento quando “parecemos anjos” nosso corpo vital
ainda muito latente, cheio de vida.
Na infância ele é chamado de “Anjo da
Guarda” e é sempre representado em todas as culturas protegendo a criança dos
perigos sendo o seu guia e como guia ele permanece ao longo de toda a nossa
vida.
“Pergunte ao seu anjo da guarda”
freqüentemente escutamos quando estamos em dúvida em relação ao caminho a
seguir, a que decisão tomar.
Na vida adulta ele se transforma em
nosso Guia Espiritual, nosso verdadeiro Self . “Assim deverás ser” nos fala no
íntimo transmutando continuamente forças vitais em forças de consciência
fazendo surgir nos pensamentos as imagens orientadoras para a nossa
vida.,
Nesta segunda Noite Santa recebemos
através do Portal da Constelação de Aquário os impulsos dos Anjos para que
possamos enxergar e permanecer fieis aos nossos ideais. Os nossos ideais
iluminam e protegem o nosso caminho e apontam para onde devemos seguir.
TERCEIRA NOITE SANTA
Atravessamos mais um dia, cai a noite
e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Capricórnio o
terceiro degrau nesta escada espiritual e deste portal emanam para nós as
forças espirituais dos Arcanjos. Os Arcanjos são denominados de seres da luz.
Rudolf Steiner os descreve na Ciência Oculta como aqueles seres que durante a
evolução acordaram ao enxergar o seu próprio reflexo no exterior. Quando eles
doaram sua própria essência esta sua essência era a própria luz que irradiou
para os quatro cantos do universo. A luz dos arcanjos é representada hoje em
nós pela nossa inteligência que irradia para o meio ambiente e torna consciente
para nós mesmos e para o mundo a nossa própria existência.
Os arcanjos se tornaram na
evolução guardiões da inteligência cósmica com a missão de proteger o amor
divino contido nesta inteligência que criou e transformou tudo em sabedoria
para o bem de todos .
Nesta terceira Noite Santa recebemos
através do Portal da Constelação de Capricórnio os impulsos dos Arcanjos para o
fortalecimento da nossa personalidade através da expansão da luz e autonomia da
nossa inteligência.
QUARTA NOITE SANTA
Atravessamos mais um dia, cai a noite
e uma nova luz brilha no céu irradiando
da Constelação de Sagitário de onde
emanam as forças espirituais dos Arqueus, os Seres da Personalidade. Isto
significa que eles não só possuem um Eu como sabem que o possuem e através
desta consciência intensificada eles criam uma imagem de si no exterior.. Eles
projetam no exterior a força de sua luta interna que é a própria luta do
centauro, do ser humano emancipado por um lado na sua inteligência mas por
outro lado, em luta constante para superar suas forças animalescas, seus
instintos selvagens, suas forças egoísticas.
Os arqueus são considerados os
Espíritos do Tempo porque esta luta é a própria luta de desenvolvimento humano
do nosso tempo abrangendo algo que ultrapassa todas as etnias e se torna uma
influência cultural na nossa civilização.
Aqui a tarefa anterior dos Arcanjos
que era proteger a sabedoria cósmica das intenções egoístas é ampliada pelos
Arqueus estando expressa no desafio da nossa civilização moderna na luta entre
o materialismo exarcebado e a preservação dos recursos naturais.
No portal sul da Catedral de Chartres
a escultura de Micael preside as 3 hierarquias. Rudolf Steiner constantemente
se refere a ele como o Regente desta nossa Época com a missão de dominar o
dragão o ser mítico em cuja forma está representado o nosso intelecto onde a
sabedoria cósmica foi apropriada através da compreensão das leis, através da
ciência natural e precisa ser colocada no mundo de forma mais ampla para o bem
de todos. Tanto no aspecto pessoal de construção da personalidade como neste
aspecto temporal esta luta representa um cair e levantar constantes.
Nesta quarta Noite Santa recebemos
através do Portal do Sagitário os impulsos espirituais dos Arqueus para o
fortalecimento da personalidade de forma que tenhamos forças de estabelecer e
sustentar impulsos mais abrangentes na nossa vida que nos orientem para o
futuro e que contenham metas espirituais para a nossa existência.
QUINTA NOITE SANTA
Nasce de novo o sol, atravessamos um novo
dia e cai a noite e uma nova estrela brilha no céu irradiando da Constelação de
Escorpião através do qual emanam as forças espirituais dos Exusiai os Seres da
Forma. Agora atingimos o âmbito da segunda hierarquia. Eles também foram seres
de um estado evolutivo anterior tão avançados em sua evolução que podem acolher
os planos divinos e torná-los manifestos de forma que haja uma concordância
entre a esfera macróscomica da consciência cósmica e o nosso sistema solar que
é uma expressão microcósmica onde a nossa existência humana está inserida, onde
a biografia humana transcorre.
Os Exusiai estão envolvidos nos
processos de criação de um novo ser, na transformação de uma forma em outra, na
metamorfose constante da substância,.
Na Bíblia eles são chamados de Elohins
e no corpo humano as forças de
Escorpião configuraram os genitais a
partir dos quais é possível a procriação ou seja a criação de um novo ser
físico.
Estamos no âmbito das forças sexuais
que são as forças que oscilam tanto para o egoísmo mais absoluto, aquilo que
pode ser caracterizado como o mal porque ao oferecer a possibilidade da maior
satisfação imediata podem subjugar o humano ao nível do animalesco. Mas que
também trazem uma das maiores possibilidades para a superação do egoísmo e transcendência
de forças. Se em Sagitário tínhamos a imagem de um cair e levantar constantes
entre o animalesco e o humano aqui temos a imagem de uma luta na nossa vida
interior entre a morte e ressurreição. E esta é uma luta que ocorre em âmbito
muito individual onde em liberdade oscilamos entre as sombras que obscurecem o
nosso ser, os esconderijos onde vive o Escorpião venenoso e as forças de
expansão do ser representadas pela águia que se eleva às alturas e de lá
contempla o Todo.
O Escorpião é então o signo das forças
duplas, tanto destrutivas, retrógadas que mudam constantemente de aparência e
invadem a nossa alma caotizando a vida como é também portador de forças
construtivas que tem a ver com transmutação constante e contínua superação para
que a substância divina, o Espírito possa em nós ser plasmado de novo e sempre.
No apocalipse esta característica de forças duplas é apresentada como a espada
de dois gumes.
Nesta quinta Noite Santa recebemos
através do portal de Escorpião os impulsos espirituais dos Exusiai para aceitar
por um lado as nossas fraquezas, e por outro lado recebemos impulsos
espirituais para a superação e transformação destas forças.
SEXTA NOITE SANTA
Temos o nascer do sol, a passagem de
mais um dia e o cair da sexta Noite Santa. Uma nova estrela brilha no céu
irradiando da Constelação de Balança o portal através do qual emanam as forças
espirituais dos Dynamis os Seres do Movimento. Continuamos no âmbito da segunda
hierarquia. Na evolução os Dyamis acordaram ao perceber o que estava ocorrendo
em volta deles e atuaram criando um equilíbrio dinâmico, uma correta relação,
uma permanente reciprocidade entre as coisas. Estar em desequilíbrio significa
estar separado, não está inserido na unicidade de todas as coisas. Suas forças
configuraram a bacia que é responsável pelo equilíbrio no manter-se ereto.
No trabalho biográfico estudamos a
expressão da Balança por volta dos 28 anos que é o marco de mudanças entre as
forças do passado que nos carregaram até aí e as forças do futuro que trazem a
possibilidade de uma nova expressão da nossa individualidade através da nossa
capacidade de transformar a herança da educação herdada. . Os Dynamis nos
oferecem a possibilidade de colocar as influências do passado e as
possibilidades do futuro, o dentro e o fora, os processos de fusão e de
separação em uma correta relação de reciprocidade, em um equilíbrio dinâmico.
Na sexta Noite Santa através do portal
da Balança recebemos dos Dynamis os impulsos espirituais para desenvolver o
equilíbrio interior e conseguir conter as forças de dispersão para se ter uma
vida coerente e harmoniosa.
SÉTIMA NOITE SANTA
De novo temos o nascer do sol que
anuncia o novo dia e no final deste o cair da noite. Uma nova estrela brilha no
céu emanando luz da Constelação da Virgem
o portal do qual emanam as forças dos
Kyriotetes os Seres da Sabedoria.
Na evolução eles acordaram ao perceber
a existência de outros seres para os quais criaram então o espaço do
acolhimento. Estamos ainda no âmbito da segunda hierarquia que acolhem e
realizam os planos divinos.
As forças do Signo da Virgem
configuraram o ventre que é um aspecto físico do feminino que pode receber e
gerar outro ser. A alma, a nossa vida interna também tem esta qualidade do
feminino de levar para dentro, de acolher no íntimo e de guardar a nossa
essência, o nosso Eu.. A Virgem é a imagem terrestre da Alma cósmica, a Sofia e
ela é considerada virgem porque corresponde a um aspecto de nossa alma que
permanece intocada pelas necessidades terrestres e pode então acolher e gerar o
Espírito individualizado em nós. Isto significa um estado de entrega e doação
constantes, de cortesia e polidez.
Na sétima Noite Santa através do
portal da Virgem recebemos os impulsos espirituais dos Kyriotetets que são
capacidades de criar o espaço para algo novo ser gestado no íntimo e de
encontrar forças a partir do seu próprio interior para fazer desabrochar a sua
vida.
OITAVA NOITE SANTA
Nasce um novo Sol, atravessamos mais
um dia e vem o cair da noite.
Uma nova estrela brilha no céu
emanando luz da Constelação de Leão, o portal do qual emanam as forças dos
Tronos os Seres da Vontade .
Alcançamos a primeira hierarquia, de
seres espirituais muito evoluídos que manifestam as intenções divinas atuando
da esfera macrocósmica para dentro do nosso sistema solar.
Na evolução os Tronos eram seres tão
completamente conscientes de si que seu querer era sua própria substância e
este querer é tão exaltado que estes seres produziam calor e doaram sua própria
substância.
As forças de Leão configuraram o
coração humano e os dirigentes da antiguidade e os reis da idade média
associavam sua realeza com este signo que era relacionado com a coragem e a
prontidão de realizar no exterior o que é determinado a partir de dentro: a voz
do coração.
Na oitava Noite Santa, a partir do
portal do Leão recebemos os impulsos de entusiasmo e coragem para enfrentar as
provas que o destino nos trazem
NONA NOITE SANTA
De novo sai o Sol, atravessamos um
novo dia e vem o cair da noite.
Uma estrela brilha no céu emanando o
seu brilho da Constelação de Câncer o portal do qual emanam as forças
espirituais dos Querubins os Seres da Harmonia.
Foi a ação dos Querubins no início da
evolução que criou o cinturão protetor de estrelas em volta do nosso sistema
separando-o da totalidade macrocósmica
Esta ação está expressa na própria
configuração do tórax: as forças de Câncer configuram os doze pares de costela,
o invólucro protetor físico do coração, o órgão da vida.
Os Querubins trazem o impulso para que
as transições de um ciclo para outro ocorram de forma harmoniosa. Eles atuam na
forma da espiral cujas forças vem do ciclo anterior, criam um invólucro e se
direcionam para o próximo ciclo – em uma seqüência repetitiva, harmoniosa.
Podemos observar estas espirais cósmica também em ciclos menores da natureza .
São os Querubins que cuidam por exemplo que a semente do outono renasça como uma
nova planta na primavera.
Na biografia encontramos também estas
transições no nosso desenvolvimento que às vezes se apresentam de forma
dramática como crises.
Na nona Noite Santa através do portal
de Câncer recebemos os impulsos espirituais dos Querubins que nos trazem força
para nos harmonizarmos com o novo e cria aconchego para que os momentos de
transição ocorram de forma harmoniosa.
DÉCIMA NOITE SANTA
De novo sai o sol, atravessamos um
novo dia e vem o cair da noite.
Uma estrela brilha no céu emanando seu
brilho da Constelação de Gêmeos, o portal através do qual emanam as forças
espirituais dos Serafins os Seres
do Amor. Amor que não está mais
assentado nos laços físicos, nos laços da paixão mas em laços espirituais. O
amor fraterno.
Os gregos tem um mito através do qual
podemos saber do que se trata.
O mito do Kastor e do Polydeukes
irmãos que eram filhos da mesma mãe com pais diferentes sendo que Castor era
mortal e o Polydeukes imortal. Ocorreu que Castor morreu e o seu irmão foi até
Zeus e pediu que a sua imortalidade fosse retirada e concedida ao Castor e Zeus
comovido tornou-os ambos imortais e os colocou no céu na forma de uma
constelação. Ou seja elevou-os a condição macrocósmica e o que os tornou
imortais não foram os laços de sangue mas o abrir mão de si que resultou numa
forma ainda mais elevada de amor.
No Evangelho temos a sentença desta
forma de amor: “onde dois estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio
deles” – ou seja abre-se mão do próprio Eu e ganha-se outro Eu que é eterno.
A fraternidade é o mais poderoso
impulso para a vida social porque ela pode quebrar as barreiras de status, de
etnia e de crenças.
Na décima Noite Santa através do
portal de Gêmeos os impulsos espirituais dos Serafins ajudam a vencer a
barreira do individualismo e da solidão.
DÉCIMA PRIMEIRA NOITE
De novo vem o Sol e um novo dia e ao
cair da noite uma estrela brilha no céu emanando seu brilho da Constelação de
Touro portal por onde adentra à esfera do Zodíaco vindo das regiões
macrocósmicas o sopro do espírito.
Se lembrarmos dos Reis Magos estava próximo
o lugar onde se encontrava a criança e iluminando a noite o brilho da estrela
que os precedia ampliava enormemente a dimensão do deserto. A alma se elevou
tocando outra dimensão que não é terrena e o Espírito Santo adentra a dimensão
humana manifestada no Batismo de João sob a forma de uma pomba.
É uma noite de grande expansão da
alma, os horizontes se ampliam e a nossa alma pode se elevar a um estado
anímico cósmico alcançando a dimensão da alma do Cosmos, da Sofia divina e
sentir a presença do espírito . No Antigo Egito isto era representado nas
esculturas que portavam os chifres do Touro com o espaço entre eles preenchido
por um disco solar coroando a cabeça do faraó considerado o descendente direto
de Deus.
Foram as forças do Touro que
configuraram a laringe, o órgão da fala que segundo o Steiner está em
transformação e que nos estágios evolutivos futuros do ser humano a palavra
terá de novo a força plasmadora referida nas Gênesis de todas as religiões. No
princípio era o verbo e o verbo estava em Deus.
A palavra será como uma lança sagrada
de expressão do amor divino.
Na décima Noite Santa através do
portal do Touro o Espírito Santo emana a plenitude do amor divino inspirada
como persistência em relação ao que se pretende alcançar.
DÉCIMA SEGUNDA NOITE
Um novo Sol e um novo dia e no cair da
última noite desta ascensão através das hierarquias espirituais. Alcançamos o
último degrau desta escada que já nos transportou para as fronteiras do
universo.
Este é o portal por onde o filho de Deus,
o Eu cósmico adentrou da esfera macrocósmica, da esfera do Brama, Javé, de Alá,
da esfera do divino para a nossa existência. Através deste portal ressoa no
nosso cosmos vindo das regiões macrocósmicas além do zodíaco a voz do Pai
“Este é o meu filho muito amado, hoje
eu o engendrei.”
Como um eco longínquo é feito o
Reconhecimento a síntese de todo o caminho unindo o Natal ao Batismo. O Natal
como o nascimento da criança natural e o Batismo como o posterior nascimento da
criança divina o Cristo como uma luz brilhando no interior, como um Sol interno
na alma livre e plenamente consciente.
A voz de Deus é a voz da consciência
humana que eleva o Eu de uma condição terrena, inferior a uma condição cósmica,
superior trazendo para o ser humano a possibilidade de se tornar o ser da
liberdade e do amor – a décima hierarquia espiritual .
Palestra proferida por Edna Andrade na Clínica Tobias em São Paulo no Natal de 2006
O texto pode ser reproduzido desde que
citada a autoria.
Bibliografia
A Ciência Oculta – R. Steiner – Ed.
Amtroposófica
O Zodíaco e as Hierarquias Espirituais
– Sergei Procoffiev
The Golden Age
of Chartres – René Querido – Floris Books
FONTE: http://www.festascristas.com.br/12-noites-santas/12-noites-santas-textos-diversos/483-as-doze-noites-santas-edna-andrade
FONTE: http://www.festascristas.com.br/12-noites-santas/12-noites-santas-textos-diversos/483-as-doze-noites-santas-edna-andrade