Vania
Elisa M Pugliesi - Enfermeira Antroposófica
Ricardo
Ghelman - Médico Antroposófico
Palavras
Chave : terapias externas antroposófica, enfermagem antroposófica, aplicações
externas.
Key words: external anthroposophical therapies,
anthroposophical nursing, external applications.
Resumo
A
Medicina Antroposófica e suas respectivas Terapias Antroposóficas surgiram
através das ações pioneiras e trabalho conjunto do filósofo Rudolf Steiner
(1861-1925) e da médica Ita Wegman (22.2.1876 a 4.6.1943).
O
objetivo desta revisão é apresentar de forma organizada uma apresentação das
terapias externas antroposófica e um levantamento dos artigos científicos que
as citam.
Entre as
profissões contempladas neste tema estão a Enfermagem antroposófica reconhecida
internacionalmente pela seção medica do Goetheanum no ano 2009.
O
levantamento das publicações nos permite agrupar o tema das Terapias Externas
Antroposóficas (TEA). Por motivo organizacional distribuiremos os resultados
nos seguintes capítulos: Definição, Pele, Fisiopatologia Antroposófica,
Classificação e Resumo de artigos científicos.
Abstract
Anthroposophical medicine and their respective
Therapies for applied anthroposophy, emerged through the pioneering actions and
work of the philosopher Rudolf Steiner (1861-1925) and doctor Ita Wegman
(22.2.1876 to 4.6.1943).
The objective of this review is to present in an
organized way external therapies anthroposophical presentation and a survey of
the scientific articles that cite.
Among the occupations included in this theme are
nursing internationally recognized by anthroposophical medical section of the
Goetheanum in year 2009.
The survey of publications allows us to combine the
theme of External Therapies for applied anthroposophy/Eliant (TEA). For reasons
we will distribute the results in the following organizational sections:
definition, skin, Pathophysiology, classification and Anthroposophical Summary
of scientific articles.
INTRODUÇÃO
e OBJETIVO
A
Medicina Antroposófica e suas respectivas Terapias Antroposóficas surgiram
através das ações pioneiras e trabalho conjunto do filósofo Rudolf Steiner
(1861-1925) e da médica Ita Wegman (22.2.1876 a 4.6.1943). Recentemente o Ministério da Saúde
brasileiro, na área da Política Nacional de Praticas Integrativas e
Complementares da Atenção Básica, entendendo a complexidade de profissões que
integram estas terapias denominou este conjunto de Antroposofia aplicada á Saúde.
1
Em
cada ação terapêutica, os três elementos que constituem o indivíduo a ser
tratado estarão sempre presentes e imbricados, o Self, a psique e o corpo, pois
são inseparáveis como uma unidade noo-psico-somática. Todavia, há uma ênfase no
acesso direto sobre um ou outro deles, nesta ou naquela terapia. Portanto o
caminho terapêutico desta variada equipe multiprofissional insere-se em três
possibilidades: terapia através do Self (Aconselhamento biográfico), terapias
através da psique (psicoterapia antroposófica e Terapias Artísticas incluindo
modelagem, pintura, musicoterapia e canto terapia), terapias através do corpo
(Farmácia antroposófica, Quirofonética, Euritmia, Nutrição, Reorganização
Neuro-Funcional - Método PADOVAN, Odontologia Integrativa antroposófica,
Enfermagem antroposófica que inclui as Terapias externas). A medicina
antroposófica em geral tem um acesso mais global, uma vez que durante a
consulta são discutidos temas ligados à esfera biográfica, psíquica e orgânica,
com indicação ao final das terapias específicas e medicamentos. Uma exceção a
este acesso global ocorre em casos de emergências quando um aspecto ou outro é
abordado.
Entre
as profissões contempladas neste tema estão a Enfermagem antroposófica
reconhecida internacionalmente pela seção medica do Goetheanum no ano 2009.
Tradicionalmente a enfermagem antroposófica atua nas seguintes áreas e ações: -
cuidar; intermediar e supervisionar. Entre a área do cuidar, o enfermeiro
antroposófico se utiliza de vários recursos terapêuticos, em especial ao
universo das terapias externas antroposóficas. 2
O
objetivo desta revisão é apresentar de forma organizada uma apresentação das
terapias externas antroposófica e um levantamento dos artigos científicos que
as citam.
METODOLOGIA
A
metodologia é uma revisão da literatura baseada nas seguintes fontes:
publicações na forma de livros de medicina antroposófica e de terapias
externas, artigos científicos indexados na base PubMed e Medline, dissertações
de mestrado ou teses de doutorado em enfermagem. Os livros fontes de dados são:
Caring For The Sick At Home ((Bentheim et al 1987), Medicina de Orientacion
Antroposofica – Compendio Terapêutico (Glöckler 1990), Guia Prático de
Terapêutica Externa (Campos 1993) e Massagem Rítmica ((Hauschka 2007).
RESULTADOS
O
levantamento das publicações nos permite agrupar o tema das Terapias Externas
Antroposóficas (TEA).
DEFINIÇÂO:
TEA
são aplicações na pele ou mucosa de substâncias naturais oleosas ou aquosas ou
toques especiais, com temperaturas diferentes desenvolvidos pela Antroposofia
no começo do século XX.
Segundo
DAM (2008), as aplicações externas eram conhecidas e utilizadas há muitos séculos
e foram resgatadas por Steiner e empregadas na medicina Antroposófica. 3
As
substâncias utilizadas nas TEA são óleos vegetais essenciais, infusões de
plantas medicinais, pomadas de metais ou vegetais e emulsões.
No
caso das infusões, o preparo deve ser realizado pelo próprio profissional da
saúde. A infusão de plantas medicinais exige o cuidado na extração tanto de
substâncias aromáticas como dos princípios ativos da planta, de acordo com a
região da planta. Isso é necessário para que as substâncias necessárias sejam
extraídas com o menor grau de deterioração possível e melhor nível de extração.
Flores são mais delicadas e estão mais estreitamente ligadas ao calor de tal
forma que precisam de pouco tempo de extração pela água quente para liberar
suas propriedades curativas. Folhas exigem um pouco mais de calor e tempo, a
fim de liberar substâncias curativas. Raízes e caule só liberam essas
qualidades após uma longa preparação. Sementes requerem uma preparação com um
tempo entre flor e raiz. 4
PELE
A
pele é formada por três camadas bem unidas, epiderme, derme e hipoderme.
A
principal função da epiderme, camada externa, é formar uma barreira protetora
do corpo, protegendo contra danos externos, dificultando a desidratação e a
entrada de substâncias e de patógenos no organismo. A epiderme também é
denominada a camada neural da pele, pois permeia as sensações táteis, térmicas,
de pressão e de dor, ou seja, permitem o contato. Através de suas terminações
nervosas que recebem os estímulos do meio ambiente se conecta ao sistema
nervoso central, através dos nervos. É muito importante salientar que a origem
embrionária do sistema nervoso central é a própria epiderme em sua fase
primordial de formação que se invagina na região dorsal. Esta relação entre
epiderme e sistema nervoso central permite que postulemos que aplicações
externas sobre a pele podem ter efeito profundo sobre o organismo. Na camada
basal da epiderme estão os melanócitos, células dendrítica neuro-cutânea que
produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. Sua estrutura pilo-sebácea
responsabiliza-se pela proteção e defesa cutânea.
Na
derme, camada intermediaria ricamente vascularizada, encontramos uma atividade
circulatória e respiratória da pele. Nesta camada evidenciam-se os estado
psíquicos como raiva, vergonha, medo, ansiedade, que se manifestam através de
rubor, palidez e sudorese fria de acordo com o estado emocional.
A
hipoderme é formada basicamente por células de gordura, precursores de
hormônios, isolantes térmicos cuja destruição libera calor, desta forma
mantendo a temperatura corporal e servindo de reserva de energia.
Esta
visão mais sistêmica permite reconhecer que a pele é um órgão de percepção e de
troca com o mundo, pois, leva luz e calor para o interior dos órgãos e ao mesmo
tempo elimina substâncias tóxicas, suor, sais (MACHADO; SANTOS; TOPLER, 2004).
Substâncias
podem ser administradas por esta via quando presentes em veículo lipossolúvel
com grande capacidade para absorção. Apesar de ser uma aplicação tópica,
localizada, seus efeitos podem irradiar-se pelo organismo como um todo ou
dirigir-se a um ponto específico, distante da região onde se aplica.
FISIOPATOLOGIA
ANTROPOSÓFICA
Na
visão antroposófica o homem é avaliado como um organismo sistêmico tríplice em
sistemas neurossensorial, rítmico e metabólico-motor. Cada um deles permeia
todo ser humano, mas concentra-se principalmente em uma região do corpo- cefálica
torácica e abdominal- propriamente ditas.
Os dois sistemas polares - o sistema neuro-sensorial e o sistema
metabólico-motor são integrados e balanceados pelo sistema rítmico.
Na
ficha clinica antroposófica desenvolvida por GHELMAN et al (2007) na
Universidade Federal de São Paulo, a anamnese leva em consideração as
correlações entre os sistemas morfofuncionais, as organizações e as topografias
específicas da pele.
A
organização tríplice da pele, claramente se relaciona a estes três sistemas, de
forma que o sistema neurossensorial está relacionado à epiderme e a cabeça
(sistema nervoso); o sistema rítmico vincula-se com a derme e o tórax (sistema
cardiorrespiratório), e o sistema metabólico-motor está intrinsicamente ligado
à hipoderme e ao abdome (sistema de vísceras e metabolismo). 5
Para
MORAES (2005), estas terapias atuam no metabolismo do indivíduo via sistema
metabólico-motor revitalizando seus processos inconscientes que se acumulam na
esfera visceral que, ao serem revitalizados, transformam-no internamente
promovendo processos de cura.
Conforme
outra abordagem da constituição humana pela Antroposofia existem quatro
dimensões do ser humano, sua constituição física sólida, sua constituição vital
aquosa, sua constituição anímica aérea e gordurosa e por fim sua constituição
humana relacionada ao calor. Desta forma os quatro estados da matéria se
mesclam no corpo humano (GHELMAN et al (2007).
Segundo
VIEIRA (2004), as terapias externas abrangem os quatro níveis da constituição
humana, pois a organização física recebe a terapia; a organização vital é
influenciada pelos medicamentos e pela ação rítmica da água e de toques
rítmicos; a organização anímica é sensibilizada pelos cuidados do terapeuta que
incluem movimento e percepção, e o Self pelo encontro caloroso e amoroso entre
paciente e terapeuta. 6
Conforme
o pensamento de NUÑEZ (2011), que corrobora esta visão ampliada da enfermagem, a
aplicação de terapias externas (TE): “... a enfermagem, ao aplicá-las tem a
missão de fortalecer o ser humano tornando o corpo mais suscetível aos
processos de cura.
Nessas
terapias além do toque, é essencial o envolvimento tanto do paciente neste
processo terapêutico, quanto do profissional que esteja aplicando a técnica. É
necessário que se crie um ambiente de silêncio e repouso, para que o terapeuta
transmita amorosidade e compreensão na aplicação da terapia e para que o
paciente perceba mesmo que inconscientemente as forças envolvidas na planta ou
numa compressa.” 7.
Para
MIGLIO (2011, p.7) “estas terapias ativam forças de revitalização através de
estímulos de calor, relaxamento, sono e ritmo, ajudando o indivíduo a despertar
as forças internas da cura”.
O
autor DAM (2008) ressalta que as TE se destinam especialmente à organização do
eu, também designada organização calórica, através de substâncias aplicadas na
pele e em geral empregando calor.
As
terapias externas não terminam com a aplicação da terapia, os cuidados
posteriores complementam seu sucesso: cobrir o cliente após o procedimento, deixando-o
em posição confortável em ambiente tranquilo, e deixa-lo repousar no mínimo
vinte minutos. O repouso corresponde à fase que o organismo vai incorporar os
impulsos terapêuticos. Para Miglio (2011, p.11): O repouso corresponde à fase
regenerativa do organismo, quando suas forças vitais começam a agir e a se
mobilizar, preenchendo deficiências e trazendo uma nova ordem ao universo
orgânico. O movimento inicial é realizado, porém, o processo se interrompe. O
sono é o instrumento de cura dos deuses. É um meio pelos quais as energias da
verdadeira cura se fazem presentes. O sono não deve ser nem longo, nem curto,
mas o necessário para o indivíduo e para cada situação. Sem esta fase
regenerativa, favorecida por um correto repouso, o organismo não pode incorporar
devidamente esse impulso e somá-lo aos seus próprios. 8
CLASSIFICAÇÃO:
Na
literatura pesquisada não encontramos uma classificação única e coerente das
TEA, de tal forma que agrupamos segundo suas naturezas em três grupos, como uma
proposta de organização:
1.
APLICAÇÕES
EXTERNAS
2.
MASSAGEM
RÍTMICA
3.
BANHOS
MEDICINAIS
Enquanto
nas aplicações externas o foco está nas substâncias empregadas, na massagem
está na técnica de manipulação, e nos banhos no veículo aquoso sejam na pele ou
mucosa. Abordaremos os banhos em pele, pois os banhos em mucosa retal (banhos
intestinais) e em mucosa vaginal (banhos de assento), embora citados, não
apresentem dados detalhados na literatura e banco de dados pesquisados.
Optamos
pela distinção das aplicações externas nos seguintes subgrupos:
1.1
COMPRESSAS
1.2
CATAPLASMAS
1.3
PEDILÚVIO
1.4
ENVOLTÓRIOS OU DESLIZAMENTOS
1.1 COMPRESSAS
A
compressa é uma aplicação de determinadas substâncias em uma parte do corpo,
usando-se tecidos, podendo ser úmida ou seca, quente ou fria, dependendo da
patologia. Apesar de sua aplicação local, a sua atuação pode se estender a todo
o organismo, podendo substituir medicamentos ou abrir caminho para o
medicamento atuar de uma forma mais intensa. As compressas são indicadas em
casos agudos ou crônicos e servem de ajuda a várias patologias podendo ter
efeito anti-inflamatório, analgésico, tranquilizante, antiespasmódico e
desintoxicante.
Segundo
Clemente (1993), as diferentes temperaturas das compressas apresentam efeitos
diferentes, como mostra a tabela a seguir:
Temperatura
|
Indicação
|
Gelada
(menos de 15°C)
|
Ação
analgésica
|
Fria
(15°C - 20°C)
|
Ação
anti-inflamatória e vasoconstritora. Contra indicada no abdômen
|
Morna
(25°C – 35°C)
|
Ação
levemente sedativa
|
Quente
(40°C – 45°C)
|
Ação
vasodilatadora, ativa a circulação, relaxa e desfaz tensões. Contra indicada
na cabeça
|
Apenas
com água a compressa já teria um efeito benéfico, porém com a escolha de uma
infusão, uma essência, sumos ou outras misturas, podemos direcionar este efeito
geral de calor para uma direção terapêutica específica. 9
Assim
podemos especificar as compressas segundo as substâncias adicionadas:
Compressa
com unguento – medicamento de consistência pastosa, semelhante a uma pomada
cujo excipiente é uma gordura associada a uma resina e que se destina a uso
externo.
Compressa
com tecido embebido em óleo - Um tecido embebido de óleo é aquecido e colocado
no local com uma almofada para manter o calor. É uma forma de aplicação onde o
calor suave perdura por horas. Desta forma o tecido com óleo cria um envoltório
caloroso suave, sob o qual os processos endurecidos e cronicamente frios podem
ser aquecidos e curados.
Óleos
|
Indicações
|
Aconitum
napelus
|
Nevralgias
nas regiões dolorosas
|
Eucalipto
|
Relaxante
e anti-inflamatório indicado, por exemplo, na região da bexiga
|
Camomila
|
Aquece
e relaxa indicado na região abdominal
|
Lavanda
|
Relaxante
e expectorante indicado nas afecções pulmonares
|
Tipos de
compressas não oleosas:
Substancia
|
Local
de aplicação
|
Temperatura
|
Indicação
|
Gengibre
|
região
renal, entre L2 e L4
|
quente
|
pacientes
nervosos, inquietos, com tendência a racionalização excessiva, para quadros
de hipotensão
|
Ricota
|
local
da afecção
|
morna
(temp.
corporal)
|
processos
inflamatórios desencadeados por bronquite, furúnculo, mastite e acne e
erisipela;
|
Batatas
cozidas
|
tórax
|
morna
|
bronquite
e tosse sem expectoração
|
Arnica
solução hidro alcoólica a 20%
|
punho
|
morna:
1-2°acima da temp. corporal
|
para
crises hipertensivas ou taquicardia
|
aquilea milefolium
|
fígado
|
fria
|
esgotamento
e dificuldade digestiva
|
Pomada
de Cobre
|
região
lombar
|
quente,
aplicada pela manhã
|
tratamento
renal ou danificação dos rins por diabetes
|
Pomada
de Oxalis 20%
|
região
abdominal
|
quente,
feita após as refeições
|
esgotamento
ou distúrbios na digestão
|
Triturado
de mostarda
|
região
renal
|
morna
(temp. corporal)
|
ataque
de pânico ou para ajudar no adormecer
|
Cebola picada
|
ouvido,
articulações
|
fria
|
otite
aguda e inflamação em articulações
|
Solução
de arnica a 20%
|
local
afetado
|
lesão
recente – fria; lesão antiga morna ou quente
|
ferimentos
ou contusões
|
Linhaça
|
seio
frontal e pescoço
|
fria
|
sinusite,
torcicolo
|
Urtica urens ou combudoron
|
local
afetado
|
fria
|
para
queimadura, picada de insetos, prurido, herpes zoster e urticária
|
Limão
|
panturrilha,
tórax e pescoço
|
quente
1-2°C abaixo da temp. corporal
|
estados
febris, bronquite, amigdalite
|
Calêndula
|
local
afetado
|
Fria
(gelada)
|
ferimentos
|
Camomila
|
região
gástrica ou bochechos
|
fria
|
distúrbios
de estomago, infusão em inalação e para dor de dente.
|
1.2 CATAPLASMA OU
EMPLASTRO
De
acordo com The American Heritage
Dictionary (3.a edição), a palavra «cataplasma» deriva da palavra latina
Pasta. Pode também derivar da palavra grega para «papa de aveia», porque o pão
ou a farinha, assim como a argila ou outra substância ligante, era muitas vezes
usado para transformar a mistura de ervas numa pasta úmida.
Consiste
na aplicação cutânea de uma substância pastosa, moderadamente espessa,
frequentemente quente, colocada entre dois tecidos finos de algodão. A
temperatura pode variar, dependendo do tipo de manifestação clínica. A composição do emplastro pode ser a partir
de vegetais ou frutas ou elementos minerais. Um tipo particular de cataplasmas
são os utilizados na designada geoterapia, cuja origem remonta às civilizações
da Antiguidade. São utilizadas aplicações de minerais, em forma pastosa
(argila, por exemplo), que podem, ou não, ser aquecidos.9
Na
forma mais comum, são feitos a partir de uma farinha ou pó ou argila, ao qual
podem ser adicionadas diversas plantas com poderes medicinais, misturando-se
com óleos vegetais, óleos minerais ou água até se formar uma pasta que é
aquecida e depois aplicada. Uma forma tradicional entre as TEA é o uso de cera
de abelha aquecido.
O
mecanismo de atuação pode incluir os níveis térmico, químico e revulsivo.
1. A ação térmica, originada pela
temperatura da cataplasma, facilita os processos curativos do próprio corpo.
Por exemplo, a aplicação de uma cataplasma fria sobre uma zona inflamada
incrementa a vasoconstrição periférica, abrandando o edema e a dor típica dos
processos inflamatórios.
2. A ação química é devida à
absorção cutânea de determinados princípios ativos bioquímicos presentes nos
extratos de ervas, óleos e outras substâncias presentes na cataplasma. A
abundante irrigação sanguínea da derme permite que determinadas substâncias
ativas da cataplasma atuem, disseminando-as no organismo.
3. A ação revulsiva das cataplasmas
é a menos utilizada e a que mais cuidados requer. Baseia-se na aplicação,
estritamente controlada, de uma cataplasma com substâncias irritantes (por
exemplo, mostarda), a fim de desencadear uma ação inflamatória local que
aumente o aporte sanguíneo, provocando uma reação localizada. Atuam como um
estímulo do sistema imunitário.10
Cataplasma
com pomadas é uma forma de uso da pomada de plantas ou de metais ou mistas
quando se espera a atuação da pomada por horas sem tratamento adicional de
calor. No pano de pomada vegetal se usa
uma substância vegetal que pode ser absorvida pelo organismo através da pele e
por isso se usa uma pomada reabsorvível que consiste na maioria das vezes em
gordura de lanolina, cera de abelha ou óleo.
Conforme o conhecimento antroposófico os
metais tem uma intima relação com as forças arquetípicas planetárias, mas
também com os órgãos humanos e seu funcionamento especialmente com processos
patológicos. Uma pomada de metal contem uma base difícil de reabsorver, mas boa
para cobrir, por ex. parafina ou vaselina. Assim a pomada de metal faz uma
camada que brilha no pano, e a irradiação do metal atua no local como um
espelho. 4-9
Pomada
|
Local da aplicação
|
Indicações
|
Cuprum 0,4 ou 0,5%
|
pernas
baço
|
Varizes, edema, insuficiência
arterial com extremidades frias
Desnutrição,
inapetência e anorexia
|
Ferrum 0,1ou 5%
|
região hepática
|
Doenças
hepatobiliares e depressão
|
Plumbum 0,1%
|
região esplênica
nuca
|
Leucemia e linfogranulomatose
Raquitismo e
osteoporose
|
Stannum 0,4 ou 5%
|
fígado
articulações
|
Disfunções
hepáticas
Inflamações crônicas,
artrose e artrite reumatoide
|
Além
de metais, é possível fazer cataplasmas com produtos vegetais e animais:
Cataplasma
|
Indicações
|
Repolho
|
Alivio de dores
articulares
|
Cebola
|
Furúnculos e
processos inflamatórios localizados
|
Ricota
|
Edema e erisipela
|
1.3 PEDILÚVIO OU
ESCALDA-PÉS
Escalda
pés ou pedilúvio é uma terapia aonde o paciente mergulha dos pés às
panturrilhas em um recipiente com água quente, podendo ou não, conter uma
substância terapêutica.
O
paciente fica sentado comodamente e o quadril e as coxas permanecem cobertos com
uma toalha grande para manter o calor.
A
troca de calor acontece pelo mecanismo de convecção, ou seja, transferência de
calor por condução e movimentação de massa, característico dos fluidos.
Pode-se
fazer o escalda-pés inicialmente com uma temperatura de 35°C e progressivamente
aumentar para 40°C. Sua duração varia entre 10 a 20 minutos.
Para
ativação da circulação e estímulo do organismo térmico podemos utilizar uma
técnica de pedilúvio em que é indicado alternar entre 3 a 5 vezes, calor até
40°C por 1 minuto e frio cerca de 15°C por 30 segundos terminando com frio.
O
escalda-pés tem uma ação derivativa, ou seja, há um deslocamento dos processos
de congestão (sejam corporais ou psíquicos) que estão na região do Sistema
Neurosensorial, para o Sistema Metabólico Motor por intermédio da concentração
do calor nos pés. 4
O
escalda-pés pode ser terapêutico apenas com água, mas algumas substancias
quando acrescentadas à agua potencializam o efeito:
Substancia
|
Ação
terapêutica
|
Lavanda
|
Aquecimento,
relaxamento e harmonia.
|
Rosmarinus
off (Alecrim)
|
Ativação
da circulação, indicado pela manhã.
|
Mostarda
(3 colheres)
|
Melhora
sintomas de gripe, sinusite e amigdalite (especialmente à noite).
|
Sal
marinho (1 colher)
|
Auxilia
nos quadros de hiperidrose.
|
Capim-cidreira
|
Qualidade
energética, relaxa, acalma e descongestiona.
|
1.4 ENVOLTÓRIOS OU
ENFAIXAMENTO
O
enfaixamento ou envoltório é uma técnica que utiliza 2 lençóis de algodão
aquecidos no vapor e embebidos ou não com óleos essenciais. O paciente deitará
sobre os lençóis e terá seu corpo todo envolvido pelos lençóis por cerca de
quarenta minutos.
A aplicação do enfaixamento produz calor corporal e relaxamento. Pela
fisiopatologia antroposófica existe um afastamento da Organização Anímica,
permitindo a maior atuação da Organização Vital e da Organização do Eu.11
Há
também a possiblidade de realizar enfaixamentos em partes do corpo:
Componente
|
Local
|
Indicação
|
Mostarda
|
Tórax
|
Pneumonia
e bronquite
|
Cebola
|
Tórax
|
Bronquite
com muita tosse
|
Chá
de Alcarávia
|
Abdômen
|
Meteorismo
e cólicas
|
Repolho
|
Articulações
Feridas
|
Artrite
e reumatismo
Cicatrização
|
Limão
(quente ou frio)
|
Pescoço
Panturrilha
|
Anti-inflamatória
Antitérmica
|
Óleo
de Viscum
|
Corpo
|
Pacientes
oncológicos
|
2.
MASSAGEM RÍTMICA
A
massagem rítmica foi desenvolvida por Ita Wegman (médica e fisioterapeuta) a
partir da massagem sueca. Nas formas básicas se distinguem da originária pela
acentuação do elemento ritmo, aplicação de toques com qualidade de sucção em
vez do caráter usual de pressão. A sucção dos fluidos ativa as forças de
impulso ascendente, do empuxo, que devem agir em toda circulação a fim de
contrabalançar a gravidade. Este atuação anti-gravitacional estimula as forças
vitais no campo biológico abrindo-o às influências cósmicas. HAUSCHKA, 1985,
p.94
A
massagem rítmica tem como função apoiar e sustentar o sistema rítmico através
do toque de sucção rítmica, ou seja, simulando pelo toque das mãos, as
pulsações cardíacas, estimulando e equilibrando a atuação de todas organizações
(HAUSCHKA, 2007). Para Hauschka (2007) essa ritmicidade não se constitui de uma
técnica, mas de uma arte. Para tanto é necessário o conhecimento ampliado do
homem que leve em conta a trimembração e a interação tanto sadia quanto
patológica desse princípio.
O
toque das mãos deve ser suave, fazendo círculos que aquecem com o intuito de
restabelecer e estabilizar o ritmo adequado para o bem estar físico, anímico e
espiritual da pessoa. Os movimentos usados são: deslizamento, amassamento,
malaxação, fricção e vibração, além da introdução muito eficaz da lemniscata e
suas variações, a qual mostrou ser eficaz na harmonia e confluência dos efeitos
biológicos dinâmicos (HAUSCHKA, 2007, p. 96).
3.
BANHOS MEDICINAIS
A
água, dentre todos os elementos, é o primeiro que está aberto para o Cosmo, a
sua essência é pura e pode carregar vida. Ela pode ser permeada pelo organismo
vital cósmico (organização vital), podendo conter ar e forças vitais. Funciona
como balança, desfazendo tensões, atua sobre o centro do homem.
MIGLIO
(2011) definiu esta terapia como um procedimento terapêutico que utiliza a água
associada a substâncias medicamentosas com seus efeitos benéficos. O corpo é
aliviado da ação da gravidade, encontra-se numa situação semelhante à que
experimentou quando embrião. Por isso, o banho independente da composição da
água exerce profundo efeito sobre a consciência humana, o homem sente-se
desligado das forças terrenas. O banho é uma atividade que foi praticada por
todos os povos no decorrer da história (MIGLIO, 2011, p.8).
Os
efeitos dos banhos no Sistema Rítmico acontecem devido à presença do gás
carbônico na água, que aprofunda a respiração, diminui o tônus muscular, reduz
a sensação de peso, estimula a circulação dos líquidos intersticiais, aumenta a
diurese, promove vasodilatação, auxilia na remoção de catabólitos e
consequentemente leva ao relaxamento.
Durante
o banho o cliente recebe uma massagem baseada nos princípios da massagem
rítmica (deslizamento). Após o banho o paciente é encaminhado para uma cama,
sem secar o corpo e é envolvido por camadas de tecidos: a primeira camada, de
tecidos de algodão e a segunda por cobertores, para que não haja perda do calor
e a pessoa permaneça no momento de encontro consigo mesma que é o repouso
terapêutico. Uma toalha é colocada em torno de sua cabeça e seus ombros. Este
repouso dura aproximadamente trinta minutos.8-13
Os
banhos medicinais conforme suas indicações podem ser divididos em:
- NUTRITIVO
- LEMNISCATA
- De ESCOVAÇÃO
- COM ÓLEO DE DISPERSÃO
- HIPERTÉRMICO
- De FRICÇÃO
-
No Banho Nutritivo utiliza-se leite de vaca fresco, gema de ovo, limão e
mel. Esta mistura é acrescida à água quente, na temperatura de 36º a 37ºC.
Rudolf Steiner indicava os banhos nutritivos nos casos de desvitalização, com
esgotamento e fadiga e consequente enfraquecimento da vitalidade. São muito
eficazes também quando realizados em crianças magras e descoradas, e em adultos
em períodos de convalescência. As substâncias têm finalidades distintas: o
leite liga-se ao corpo físico; o mel, por sua vez apresenta polaridade por ser
um elemento cósmico ligado ao calor; o limão, pelo seu óleo etérico, fortalece
o tecido conjuntivo, revitalizando, e a água, que é o elemento vital da
natureza (MACHADO, 1999).
A pessoa permanece na banheira com a temperatura da água entre 37 e
39°C, por vinte minutos e em repouso por uma hora.
-
Banho de Lemniscata para sua execução são feitas lemniscatas bem
rítmicas na água circundando todo o corpo do cliente. O banho deve durar de 8 a
10 minutos. Ativa o organismo calórico e é apropriado para desintoxicações,
doenças reumáticas, para anoréxicos e pacientes que estejam recebendo
quimioterapia.
-
O Banho de Escova tem a finalidade de ativar e estimular a circulação
periférica e dissolução de estase em edema e sobrepeso. Considerado estruturador
e catabolizante. Este banho é realizado com uma escova em cada mão que, com
movimentos longitudinais, escova todo o corpo, com uma técnica específica
(CAMPOS, 1999).
-
Os Banhos de Óleo de Dispersão são feitos usando-se óleos essenciais que
passam por um processo de dispersão na água através de um aparelho próprio. Os
óleos usados podem ser de arnica, de alecrim, de bétula, de camomila e de
eucalipto. O banho é indicado em várias situações: na artrite reumatoide, o
banho aumenta o calor corporal e ajuda desnaturar as proteínas velhas
acumuladas nas articulações; na asma, o aumento do calor corporal dilata os
brônquios; na bronquite, o aumento do calor corporal fluidifica as secreções
facilitando a eliminação.
-
Banho Hipertemico é um procedimento para atingir uma temperatura
corporal de 38 a 42°C de acordo com a avaliação prévia e com a intenção de
provocar um estado hipertérmico e sudorese.
É
eficaz como anti-inflamatório, analgésico, relaxante e como inibidor do
desenvolvimento de células cancerosas benignas ou malignas. (AIROLA, 1993).
-
Nos Banhos de Fricção é usada a luva de sisal para que se façam
movimentos de malaxação em todo o corpo, seguindo os movimentos da massagem
rítmica. Está contraindicado nas pessoas hipertensas, nos fogachos do climatério
e nos pletóricos (CAMPOS, 1999). Ele atua
ativando o polo neuro sensorial e dissolvendo entorses e congestões. As
fricções devem ser suaves, o que lhe dá um caráter anabólico, por isso é tão
indicado para pacientes psiquiátricos, pois auxilia os desbloqueios e fortalece
a vontade.
Indicações
de substâncias para Fricções e Banhos de Dispersão de Óleo:
Óleo
|
Ação
|
Aplicação
|
Indicação
|
Rosmarinus
|
Ativa
o organismo calórico, aquece o metabolismo, ativa a circulação,
|
banhos
e fricções.
|
anemias,
estados de esgotamento e diabetes
|
Lavanda
|
Tonifica
os nervos, acalma, ajuda no adormecer
|
banhos
ou fricções
|
portadores
de doenças degenerativas do Sistema Nervoso.
|
Tomilho
|
Atua
trazendo calor
|
fricções
no tórax e abdome ou banhos.
|
secreção
brônquica persistente, coqueluche, gastrite e cólicas abdominais
|
Sálvia
|
Domina
e aquece o organismo onde há liquefação, configurando e estruturando tecidos
|
gargarejos,
vaporizações e banhos.
|
incide
nas glândulas e funciona como anti-inflamatório
|
Manjerona
|
Aquece
o organismo e os órgãos genitais
|
banhos
|
inflamações
e debilidades dos órgãos genitais.
|
Melissa
|
Sobre
os processos rítmicos
|
banhos
e fricções
|
ansiedade,
insônia, dismenorreia e flatulência.
|
Camomila
|
Metabolismo
|
banhos
e fricções
|
anti-inflamatório
e relaxante
|
Calêndula
|
Antisséptico
natural e ajuda na reconstrução de tecidos
|
banhos
|
processos
inflamatórios na pele
|
Aconitum
Composto
|
Anticongestiva,
analgésica
|
fricções
locais
|
nevralgia
do trigêmeo e neurites
|
Arnica
|
Anti-inflamatória
|
fricção
no local da dor ou em banhos
|
contusões
e hematomas
|
Limão
|
Os
óleos essenciais de sua casca exerce força de contenção nos processos
orgânicos em que o elemento líquido tende a perder sua estrutura original
|
banhos
e fricções
|
problemas
digestivos, reumatismo, câimbra, asma e nos estados gripais
|
Equisetum
|
Diurético
|
banhos
e enfaixamento
|
distúrbios
dos rins, bexiga
|
Eucalipto.
|
Expectorante
|
banhos
ou fricção na região torácica.
|
bronquite
com muita tosse ou em problemas respiratórios
|
Rosa
|
Promove
harmonia
|
banhos
e fricções
|
esgotamento
e convalescença
|
Bétula
|
Vitalizante
|
banhos
e fricções
|
doenças
articulares, artrose e reumatismo
|
Hipericum
|
Antidepressivo
|
banhos
e fricções
|
fraqueza
constitucional, enurese, distúrbio do sono, depressão e câncer.
|
4.
BANHOS EM MUCOSAS RETAL E VAGINAL
O
banho intestinal é a única terapia externa que não é realizada diretamente
através da pele. Tem como finalidades retirar os detritos acumulados,
promover a depuração do sangue, purificar e nutrir os tecidos do organismo,
melhorar o sistema de absorção e digestão dos nutrientes (revitalizando o
sistema metabólico), desintoxicar os alcaloides e dependentes químicos, através
da revitalização do fígado, revitalizar o sistema imunológico, favorecer a
excreção de toxinas com ação diurética, auxiliar no tratamento do combate ao
estresse, estimular a regularização do hábito intestinal e preparar o organismo
para receber o tratamento medicamentoso antroposófico, o que ocorre pela
penetração dos chás (MIGLIO, 2011; MACHADO, SANTOS; TOPLER, 2004). O
intestino grosso sofre impactos não só dos maus hábitos alimentares da vida
moderna, mas de descargas de energias conflitivas e desequilibradas advindas do
mundo psíquico do indivíduo. Com o tempo haverá repercussão na flora e
peristaltismo intestinal com consequente alteração na consistência da massa
fecal e na frequência de evacuações.
Consiste na introdução por via retal, de água pura ou acrescida de
substância terapêutica. A quantidade de líquido usado varia entre 500 ml a 2
litros. A temperatura geralmente é morna (entre 25°C e 35°C).
Além de não gerar dependência, como acontece com os laxantes, a terapia
melhora a tonicidade e a motricidade da parede do cólon, estimulando seu
funcionamento espontâneo, além de revitalizar a flora.8
O
enema desintoxicante pode ser composto de chás: eucalipto (Eucaliptus citriodora),
hortelã-crespa (Mentha crispa), hortelã-do-campo (Hyptis suaveolens), marcela
(Achyrocline satureioides) e mentrasto (Ageratum conyzoides) ou com extrato de
coffea que age estimulando o fígado e vesícula a expelir suas toxinas.
Pode
ser ter um efeito regenerador quando se utiliza a Nicotiana-F que atua quase
que diretamente no cérebro.
Banho
intestinal feito com coco-da-baía (Cocus nucifera) possui qualidades nutritivas
e regenerador.14
Banho
de assento:
Edema
vulvar e varicose vulvar podem ser tratados Banho de Castanhas (1 tampa no
banho de assento) ou Quercus, dec etanoico 20% tintura para uso externo (1
colher de sobremesa no banho de assento) (Arte Med Ampl Ano XXIX nº3 e 4 – Prim
Verão/2009)
Como
apoio ao tratamento de distúrbios diversos da região infra-abdominal, tais como
disfunções intestinais e genitais, processos inflamatórios e degenerativos,
indica-se o banho de assento tonificante com agua fria (10 a 15°C) com duração
de até 3 minutos.
Banho
de assento purificador com chá composto de alecrim do campo (Baccharis
dracunculifolia), artemísia (Artemísia verlotorum), mastruz (Lepidium
pseudodydimum) e mentrasto (Ageratum conyzoides), são indicados para auxiliar
processos de regeneração celular. São utilizados a uma temperatura entre 28 e
35°C, por 10 a 15 minutos.
Importante
ressaltar que nestes banhos a água deve ser o suficiente para cobrir toda
região pélvica, da parte superior das coxas até a região renal.14
ARTIGOS
CIENTÍFICOS
A
neozelandesa Tessa Therkleson, enfermeira Antroposofica, descreveu em um artigo
publicado um estudo comprovando a melhora de pacientes portadores de
osteoartrite após aplicação de emplastro quente de gengibre durante dias
consecutivos. Os resultados mostraram alivio dos sintomas, melhora nas
condições de saúde e aumento da independência.
THERKLESON T. (2010) Ginger compress therapy for
adults with osteoarthritis. Journal
of Advanced Nursing66(10), 2225–2233.)
Em
São João Del Rei/MG, na rede pública municipal, uma equipe multidisciplinar
vinculada a Saúde da Família desenvolve um trabalho fundamentado na
Antroposofia desde 2003, utilizando TEA. Alguns pacientes recebiam escalda-pés,
deslizamentos e envoltórios e outros recebiam outras terapias como banho
nutritivo ou emplastro com argila.
Para
realização do escalda-pés são usadas ervas medicinais tais como: Achillea
milifollium (mil folhas), raiz do gengibre - Zingiber officinale Rosc.,
sementes de mostarda – Sinapis alba e pó de enxofre
Para
os emplastros aproveita-se a argila do local, secada ao sol, peneirada e
misturada em água fria, chás (arnica mineira – Lychonophora pinaster ou erva-de
-são-joão – Ageratum conyzoides L.Sieber. Essa massa é aplicada no local da
dor.
As
queixas mais frequentes foram depressão, ansiedade, artralgia, insônia,
lombalgia e cervicalgia. Neste relato de experiência o resultado encontrado foi
uma melhora dos sintomas em 69% dos pacientes. VIEIRA PMO. (2004) Saúde da
Família e Medicina Antroposofica. Arte Médica Ampliada Revista da Associação da Medicina
Antroposofica Ano XXIV(04), 20-29.
Um
estudo piloto realizado no Ambulatório de Antroposofia e Saúde como parte do
projeto de Pós Doutorado de GHELMAN, e apresentado no I Congresso do Núcleo de
Medicina e Práticas Integrativas da UNIFESP em 2014 buscou definir a temperatura
e o tempo ideal de pedilúvio que permitisse um efeito sistêmico do calor. Este
efeito foi medido pela termometria percutânea através de uma termografia
dinâmica em que a temperatura das mãos e face dos voluntários foi avaliada
durante o escalda-pés. Após 20 minutos a 40 graus, houve uma resposta positiva
de aquecimento destas regiões.
Estudo
realizado no Hospital Sofia Feldman identificou as práticas integrativas e
complementares mais utilizadas pelo Núcleo na saúde da mulher e conhecer as
impressões das usuárias a respeito de sua aplicação. A maioria das mulheres foi
internada para tratamento de intercorrências clínicas na gravidez (21,8%) e
realização de parto (64,4%). As práticas mais utilizadas foram a musicoterapia
(100%), a aromaterapia (100%), a oficina de chás (92,4%) e o escalda-pés
(91,4%). As práticas integrativas e complementares promoveram resultados
satisfatórios, provocando alívio dos sintomas físicos e psíquicos. Esse fator
muito contribui para sua utilização como forma de suporte na assistência
obstétrica voltada para a humanização. O
incômodo e o desconforto gerados pelo inchaço nas pernas e nos pés foram
amenizados com o uso do escalda-pés em todas as mulheres que apresentaram esse
problema. O escalda-pés realizado foi feito em infusão de água morna, ervas
medicinais, sais aromáticos e flores, com posterior realização da reflexologia
podálica e calatonia. BORGES MR. et al(2011) As práticas integrativas e
complementares na atenção à saúde da mulher: uma estratégia de humanização da
assistência no Hospital Sofia Feldman. Reme-Ver Min Enferm 15(1), 105-113.
Um
estudo duplo cego e randomizado com pacientes com mais de 50 anos que
realizaram escalda pés com agua á 41 -42°C cobrindo os tornozelos por 20 minutos
por seis semanas resultou numa melhora da qualidade do sono, em termos de
duração e estabilidade SEYYEDRASOOLI A. et al(2013) The Effect of Footbath on
Sleep Quality of the Elderly: A Blinded Randomized Clinical Trial. J Caring
Sci. Dec; 2(4): 305–311
No
Japão, um estudo de enfermagem, utilizando escalda-pés, com portadores de
câncer, comprovou que após o grupo ser submetido à terapia o índice de secreção
salivar de imunoglobulina A foi significativamente aumentado e o nível de
cortisol foram reduzidos, além disso, foi perceptível um alívio significativo
da dor e relaxamento. YAMAMOTO K et al(2011) Physiological and psychological
evaluation of the wrapped warm footbath as a complementary nursing therapy to
induce relaxation in hospitalized patients with incurable cancer: a pilot
study. Câncer Nurse.
May-Jun;34(3):185-92.
Em
2014 uma publicação no jornal global advances in health and medicine traz um
estudo prospectivo de 1631 pacientes ambulatoriais que usaram terapia
antroposófica para transtorno de ansiedade, déficit de atenção, depressão, dor
lombar.
As
terapias antroposoficas incluíam medicamentos antroposoficos, terapia
artística, euritmia,e massagem rítmica. O acompanhamento por 48 meses desses
pacientes alemães identificou melhoras relevantes dos sintomas e qualidade de
vida com baixos custos. HAMRE H J et al. (2014) Overview of the Publications
From the Anthroposophic Medicine Outcomes Study (AMOS): A Whole System
Evaluation Study. GLOBAL ADVANCES IN HEALTH AND MEDICINE 3(1), 54-70.
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Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS.
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3. Miglio
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saúde: uma proposta de intervenção segundo os pressupostos da Medicina
Antroposófica. 2010. 50f. Monografia( Especialização em Saúde Coletiva) Escola
de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
4. Miglio
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Medicina Antroposófica/V Simpósio de Terapias Antroposóficas;2011.
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Clínica Antroposófica do Núcleo de Medicina Antroposófica da Universidade
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6. Vieira
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7. Nuñez
HMF. Enfermagem antroposófica: uma visão histórica, ético-legal e
fenomenológica. 2008. 301 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de
Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
8. Ribeiro
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enfermagem antroposófica. 2013.123f. Tese( Pós graduação em Enfermagem)
Universidade de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.
9. Campos JM. Guia Prático de
terapêutica externa: métodos e procedimentos terapêuticos de grande
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Antroposófica, São Paulo, março, 1998
11. MachadoWP.
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12. Hauschka M. Massagem Rítmica:
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13. Michaela G, Goebel W. Medicina de
Orientacion Antroposofica – Compendio Terapêutico. Buenos Aires: Weleda, 1990.
14. Campos
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