quarta-feira, 20 de junho de 2018

TERAPIAS EXTERNAS ANTROPOSÓFICAS - REVISÃO LITERÁRIA

Monografia apresentada na conclusão do Curso de Especialização em ANTROPOSOFIA  NA SAÚDE


Vania Elisa M Pugliesi  - Enfermeira Antroposófica
Ricardo Ghelman - Médico Antroposófico

Palavras Chave : terapias externas antroposófica, enfermagem antroposófica, aplicações externas.

Key words: external anthroposophical therapies, anthroposophical nursing, external applications.

Resumo
A Medicina Antroposófica e suas respectivas Terapias Antroposóficas surgiram através das ações pioneiras e trabalho conjunto do filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) e da médica Ita Wegman (22.2.1876 a 4.6.1943).
O objetivo desta revisão é apresentar de forma organizada uma apresentação das terapias externas antroposófica e um levantamento dos artigos científicos que as citam.
Entre as profissões contempladas neste tema estão a Enfermagem antroposófica reconhecida internacionalmente pela seção medica do Goetheanum no ano 2009.
O levantamento das publicações nos permite agrupar o tema das Terapias Externas Antroposóficas (TEA). Por motivo organizacional distribuiremos os resultados nos seguintes capítulos: Definição, Pele, Fisiopatologia Antroposófica, Classificação e Resumo de artigos científicos.
Abstract
Anthroposophical medicine and their respective Therapies for applied anthroposophy, emerged through the pioneering actions and work of the philosopher Rudolf Steiner (1861-1925) and doctor Ita Wegman (22.2.1876 to 4.6.1943).
The objective of this review is to present in an organized way external therapies anthroposophical presentation and a survey of the scientific articles that cite.
Among the occupations included in this theme are nursing internationally recognized by anthroposophical medical section of the Goetheanum in year 2009.
The survey of publications allows us to combine the theme of External Therapies for applied anthroposophy/Eliant (TEA). For reasons we will distribute the results in the following organizational sections: definition, skin, Pathophysiology, classification and Anthroposophical Summary of scientific articles.


INTRODUÇÃO e OBJETIVO
A Medicina Antroposófica e suas respectivas Terapias Antroposóficas surgiram através das ações pioneiras e trabalho conjunto do filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) e da médica Ita Wegman (22.2.1876 a 4.6.1943).  Recentemente o Ministério da Saúde brasileiro, na área da Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares da Atenção Básica, entendendo a complexidade de profissões que integram estas terapias denominou este conjunto de Antroposofia aplicada á Saúde. 1
Em cada ação terapêutica, os três elementos que constituem o indivíduo a ser tratado estarão sempre presentes e imbricados, o Self, a psique e o corpo, pois são inseparáveis como uma unidade noo-psico-somática. Todavia, há uma ênfase no acesso direto sobre um ou outro deles, nesta ou naquela terapia. Portanto o caminho terapêutico desta variada equipe multiprofissional insere-se em três possibilidades: terapia através do Self (Aconselhamento biográfico), terapias através da psique (psicoterapia antroposófica e Terapias Artísticas incluindo modelagem, pintura, musicoterapia e canto terapia), terapias através do corpo (Farmácia antroposófica, Quirofonética, Euritmia, Nutrição, Reorganização Neuro-Funcional - Método PADOVAN, Odontologia Integrativa antroposófica, Enfermagem antroposófica que inclui as Terapias externas). A medicina antroposófica em geral tem um acesso mais global, uma vez que durante a consulta são discutidos temas ligados à esfera biográfica, psíquica e orgânica, com indicação ao final das terapias específicas e medicamentos. Uma exceção a este acesso global ocorre em casos de emergências quando um aspecto ou outro é abordado.
Entre as profissões contempladas neste tema estão a Enfermagem antroposófica reconhecida internacionalmente pela seção medica do Goetheanum no ano 2009. Tradicionalmente a enfermagem antroposófica atua nas seguintes áreas e ações: - cuidar; intermediar e supervisionar. Entre a área do cuidar, o enfermeiro antroposófico se utiliza de vários recursos terapêuticos, em especial ao universo das terapias externas antroposóficas. 2
O objetivo desta revisão é apresentar de forma organizada uma apresentação das terapias externas antroposófica e um levantamento dos artigos científicos que as citam.
METODOLOGIA
A metodologia é uma revisão da literatura baseada nas seguintes fontes: publicações na forma de livros de medicina antroposófica e de terapias externas, artigos científicos indexados na base PubMed e Medline, dissertações de mestrado ou teses de doutorado em enfermagem. Os livros fontes de dados são: Caring For The Sick At Home ((Bentheim et al 1987), Medicina de Orientacion Antroposofica – Compendio Terapêutico (Glöckler 1990), Guia Prático de Terapêutica Externa (Campos 1993) e Massagem Rítmica ((Hauschka 2007).
RESULTADOS
O levantamento das publicações nos permite agrupar o tema das Terapias Externas Antroposóficas (TEA).
DEFINIÇÂO:
TEA são aplicações na pele ou mucosa de substâncias naturais oleosas ou aquosas ou toques especiais, com temperaturas diferentes desenvolvidos pela Antroposofia no começo do século XX.
Segundo DAM (2008), as aplicações externas eram conhecidas e utilizadas há muitos séculos e foram resgatadas por Steiner e empregadas na medicina Antroposófica. 3
As substâncias utilizadas nas TEA são óleos vegetais essenciais, infusões de plantas medicinais, pomadas de metais ou vegetais e emulsões.
No caso das infusões, o preparo deve ser realizado pelo próprio profissional da saúde. A infusão de plantas medicinais exige o cuidado na extração tanto de substâncias aromáticas como dos princípios ativos da planta, de acordo com a região da planta. Isso é necessário para que as substâncias necessárias sejam extraídas com o menor grau de deterioração possível e melhor nível de extração. Flores são mais delicadas e estão mais estreitamente ligadas ao calor de tal forma que precisam de pouco tempo de extração pela água quente para liberar suas propriedades curativas. Folhas exigem um pouco mais de calor e tempo, a fim de liberar substâncias curativas. Raízes e caule só liberam essas qualidades após uma longa preparação. Sementes requerem uma preparação com um tempo entre flor e raiz. 4
PELE
A pele é formada por três camadas bem unidas, epiderme, derme e hipoderme.
A principal função da epiderme, camada externa, é formar uma barreira protetora do corpo, protegendo contra danos externos, dificultando a desidratação e a entrada de substâncias e de patógenos no organismo. A epiderme também é denominada a camada neural da pele, pois permeia as sensações táteis, térmicas, de pressão e de dor, ou seja, permitem o contato. Através de suas terminações nervosas que recebem os estímulos do meio ambiente se conecta ao sistema nervoso central, através dos nervos. É muito importante salientar que a origem embrionária do sistema nervoso central é a própria epiderme em sua fase primordial de formação que se invagina na região dorsal. Esta relação entre epiderme e sistema nervoso central permite que postulemos que aplicações externas sobre a pele podem ter efeito profundo sobre o organismo. Na camada basal da epiderme estão os melanócitos, células dendrítica neuro-cutânea que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. Sua estrutura pilo-sebácea responsabiliza-se pela proteção e defesa cutânea.  
Na derme, camada intermediaria ricamente vascularizada, encontramos uma atividade circulatória e respiratória da pele. Nesta camada evidenciam-se os estado psíquicos como raiva, vergonha, medo, ansiedade, que se manifestam através de rubor, palidez e sudorese fria de acordo com o estado emocional.
A hipoderme é formada basicamente por células de gordura, precursores de hormônios, isolantes térmicos cuja destruição libera calor, desta forma mantendo a temperatura corporal e servindo de reserva de energia.
Esta visão mais sistêmica permite reconhecer que a pele é um órgão de percepção e de troca com o mundo, pois, leva luz e calor para o interior dos órgãos e ao mesmo tempo elimina substâncias tóxicas, suor, sais (MACHADO; SANTOS; TOPLER, 2004).
Substâncias podem ser administradas por esta via quando presentes em veículo lipossolúvel com grande capacidade para absorção. Apesar de ser uma aplicação tópica, localizada, seus efeitos podem irradiar-se pelo organismo como um todo ou dirigir-se a um ponto específico, distante da região onde se aplica.
FISIOPATOLOGIA ANTROPOSÓFICA
Na visão antroposófica o homem é avaliado como um organismo sistêmico tríplice em sistemas neurossensorial, rítmico e metabólico-motor. Cada um deles permeia todo ser humano, mas concentra-se principalmente em uma região do corpo- cefálica torácica e abdominal- propriamente ditas.  Os dois sistemas polares - o sistema neuro-sensorial e o sistema metabólico-motor são integrados e balanceados pelo sistema rítmico. 
Na ficha clinica antroposófica desenvolvida por GHELMAN et al (2007) na Universidade Federal de São Paulo, a anamnese leva em consideração as correlações entre os sistemas morfofuncionais, as organizações e as topografias específicas da pele.
A organização tríplice da pele, claramente se relaciona a estes três sistemas, de forma que o sistema neurossensorial está relacionado à epiderme e a cabeça (sistema nervoso); o sistema rítmico vincula-se com a derme e o tórax (sistema cardiorrespiratório), e o sistema metabólico-motor está intrinsicamente ligado à hipoderme e ao abdome (sistema de vísceras e metabolismo). 5
Para MORAES (2005), estas terapias atuam no metabolismo do indivíduo via sistema metabólico-motor revitalizando seus processos inconscientes que se acumulam na esfera visceral que, ao serem revitalizados, transformam-no internamente promovendo processos de cura.
Conforme outra abordagem da constituição humana pela Antroposofia existem quatro dimensões do ser humano, sua constituição física sólida, sua constituição vital aquosa, sua constituição anímica aérea e gordurosa e por fim sua constituição humana relacionada ao calor. Desta forma os quatro estados da matéria se mesclam no corpo humano (GHELMAN et al (2007).
Segundo VIEIRA (2004), as terapias externas abrangem os quatro níveis da constituição humana, pois a organização física recebe a terapia; a organização vital é influenciada pelos medicamentos e pela ação rítmica da água e de toques rítmicos; a organização anímica é sensibilizada pelos cuidados do terapeuta que incluem movimento e percepção, e o Self pelo encontro caloroso e amoroso entre paciente e terapeuta. 6
Conforme o pensamento de NUÑEZ (2011), que corrobora esta visão ampliada da enfermagem, a aplicação de terapias externas (TE): “... a enfermagem, ao aplicá-las tem a missão de fortalecer o ser humano tornando o corpo mais suscetível aos processos de cura.                                                                                                                                               Nessas terapias além do toque, é essencial o envolvimento tanto do paciente neste processo terapêutico, quanto do profissional que esteja aplicando a técnica. É necessário que se crie um ambiente de silêncio e repouso, para que o terapeuta transmita amorosidade e compreensão na aplicação da terapia e para que o paciente perceba mesmo que inconscientemente as forças envolvidas na planta ou numa compressa.” 7.
Para MIGLIO (2011, p.7) “estas terapias ativam forças de revitalização através de estímulos de calor, relaxamento, sono e ritmo, ajudando o indivíduo a despertar as forças internas da cura”.
O autor DAM (2008) ressalta que as TE se destinam especialmente à organização do eu, também designada organização calórica, através de substâncias aplicadas na pele e em geral empregando calor.
As terapias externas não terminam com a aplicação da terapia, os cuidados posteriores complementam seu sucesso: cobrir o cliente após o procedimento, deixando-o em posição confortável em ambiente tranquilo, e deixa-lo repousar no mínimo vinte minutos. O repouso corresponde à fase que o organismo vai incorporar os impulsos terapêuticos. Para Miglio (2011, p.11): O repouso corresponde à fase regenerativa do organismo, quando suas forças vitais começam a agir e a se mobilizar, preenchendo deficiências e trazendo uma nova ordem ao universo orgânico. O movimento inicial é realizado, porém, o processo se interrompe. O sono é o instrumento de cura dos deuses. É um meio pelos quais as energias da verdadeira cura se fazem presentes. O sono não deve ser nem longo, nem curto, mas o necessário para o indivíduo e para cada situação. Sem esta fase regenerativa, favorecida por um correto repouso, o organismo não pode incorporar devidamente esse impulso e somá-lo aos seus próprios. 8
CLASSIFICAÇÃO:
Na literatura pesquisada não encontramos uma classificação única e coerente das TEA, de tal forma que agrupamos segundo suas naturezas em três grupos, como uma proposta de organização:

1.       APLICAÇÕES EXTERNAS
2.       MASSAGEM RÍTMICA
3.       BANHOS MEDICINAIS
Enquanto nas aplicações externas o foco está nas substâncias empregadas, na massagem está na técnica de manipulação, e nos banhos no veículo aquoso sejam na pele ou mucosa. Abordaremos os banhos em pele, pois os banhos em mucosa retal (banhos intestinais) e em mucosa vaginal (banhos de assento), embora citados, não apresentem dados detalhados na literatura e banco de dados pesquisados.
Optamos pela distinção das aplicações externas nos seguintes subgrupos:
1.1 COMPRESSAS
1.2 CATAPLASMAS
1.3 PEDILÚVIO
1.4 ENVOLTÓRIOS OU DESLIZAMENTOS
1.1 COMPRESSAS
A compressa é uma aplicação de determinadas substâncias em uma parte do corpo, usando-se tecidos, podendo ser úmida ou seca, quente ou fria, dependendo da patologia. Apesar de sua aplicação local, a sua atuação pode se estender a todo o organismo, podendo substituir medicamentos ou abrir caminho para o medicamento atuar de uma forma mais intensa. As compressas são indicadas em casos agudos ou crônicos e servem de ajuda a várias patologias podendo ter efeito anti-inflamatório, analgésico, tranquilizante, antiespasmódico e desintoxicante.
Segundo Clemente (1993), as diferentes temperaturas das compressas apresentam efeitos diferentes, como mostra a tabela a seguir:
Temperatura
Indicação
Gelada (menos de 15°C)
Ação analgésica
Fria (15°C - 20°C)
Ação anti-inflamatória e vasoconstritora. Contra indicada no abdômen
Morna (25°C – 35°C)
Ação levemente sedativa
Quente (40°C – 45°C)
Ação vasodilatadora, ativa a circulação, relaxa e desfaz tensões. Contra indicada na cabeça

Apenas com água a compressa já teria um efeito benéfico, porém com a escolha de uma infusão, uma essência, sumos ou outras misturas, podemos direcionar este efeito geral de calor para uma direção terapêutica específica. 9
Assim podemos especificar as compressas segundo as substâncias adicionadas:
Compressa com unguento – medicamento de consistência pastosa, semelhante a uma pomada cujo excipiente é uma gordura associada a uma resina e que se destina a uso externo.
Compressa com tecido embebido em óleo - Um tecido embebido de óleo é aquecido e colocado no local com uma almofada para manter o calor. É uma forma de aplicação onde o calor suave perdura por horas. Desta forma o tecido com óleo cria um envoltório caloroso suave, sob o qual os processos endurecidos e cronicamente frios podem ser aquecidos e curados.
Óleos
Indicações
Aconitum napelus
Nevralgias nas regiões dolorosas
Eucalipto
Relaxante e anti-inflamatório indicado, por exemplo, na região da bexiga
Camomila
Aquece e relaxa indicado na região abdominal
Lavanda
Relaxante e expectorante indicado nas afecções pulmonares

Tipos de compressas não oleosas:
Substancia
Local de aplicação
Temperatura
Indicação
Gengibre
região renal, entre L2 e L4
quente
pacientes nervosos, inquietos, com tendência a racionalização excessiva, para quadros de hipotensão
Ricota
local da afecção
morna
(temp. corporal)
processos inflamatórios desencadeados por bronquite, furúnculo, mastite e acne e erisipela;

Batatas cozidas
tórax
morna
bronquite e tosse sem expectoração
Arnica solução hidro alcoólica a 20%
punho
morna: 1-2°acima da temp. corporal
para crises hipertensivas ou taquicardia
aquilea milefolium
fígado
fria
esgotamento e dificuldade digestiva
Pomada de Cobre
região lombar
quente, aplicada pela manhã

tratamento renal ou danificação dos rins por diabetes
Pomada de Oxalis 20%
região abdominal
quente, feita após as refeições
esgotamento ou distúrbios na digestão
Triturado de mostarda
região renal
morna (temp. corporal)
ataque de pânico ou para ajudar no adormecer
Cebola picada
ouvido, articulações
fria
otite aguda e inflamação em articulações
Solução de arnica a 20%
local afetado
lesão recente – fria; lesão antiga morna ou quente
ferimentos ou contusões
Linhaça
seio frontal e pescoço
fria
sinusite, torcicolo
Urtica urens ou combudoron
local afetado
fria
para queimadura, picada de insetos, prurido, herpes zoster e urticária
Limão
panturrilha, tórax e pescoço
quente 1-2°C abaixo da temp. corporal
estados febris, bronquite, amigdalite
Calêndula
local afetado
Fria (gelada)
ferimentos

Camomila
região gástrica ou bochechos
fria
distúrbios de estomago, infusão em inalação e para dor de dente.

1.2 CATAPLASMA OU EMPLASTRO
De acordo com The American Heritage Dictionary (3.a edição), a palavra «cataplasma» deriva da palavra latina Pasta. Pode também derivar da palavra grega para «papa de aveia», porque o pão ou a farinha, assim como a argila ou outra substância ligante, era muitas vezes usado para transformar a mistura de ervas numa pasta úmida.
Consiste na aplicação cutânea de uma substância pastosa, moderadamente espessa, frequentemente quente, colocada entre dois tecidos finos de algodão. A temperatura pode variar, dependendo do tipo de manifestação clínica.  A composição do emplastro pode ser a partir de vegetais ou frutas ou elementos minerais. Um tipo particular de cataplasmas são os utilizados na designada geoterapia, cuja origem remonta às civilizações da Antiguidade. São utilizadas aplicações de minerais, em forma pastosa (argila, por exemplo), que podem, ou não, ser aquecidos.9
Na forma mais comum, são feitos a partir de uma farinha ou pó ou argila, ao qual podem ser adicionadas diversas plantas com poderes medicinais, misturando-se com óleos vegetais, óleos minerais ou água até se formar uma pasta que é aquecida e depois aplicada. Uma forma tradicional entre as TEA é o uso de cera de abelha aquecido.
O mecanismo de atuação pode incluir os níveis térmico, químico e revulsivo.
1.       A ação térmica, originada pela temperatura da cataplasma, facilita os processos curativos do próprio corpo. Por exemplo, a aplicação de uma cataplasma fria sobre uma zona inflamada incrementa a vasoconstrição periférica, abrandando o edema e a dor típica dos processos inflamatórios.
2.       A ação química é devida à absorção cutânea de determinados princípios ativos bioquímicos presentes nos extratos de ervas, óleos e outras substâncias presentes na cataplasma. A abundante irrigação sanguínea da derme permite que determinadas substâncias ativas da cataplasma atuem, disseminando-as no organismo.
3.       A ação revulsiva das cataplasmas é a menos utilizada e a que mais cuidados requer. Baseia-se na aplicação, estritamente controlada, de uma cataplasma com substâncias irritantes (por exemplo, mostarda), a fim de desencadear uma ação inflamatória local que aumente o aporte sanguíneo, provocando uma reação localizada. Atuam como um estímulo do sistema imunitário.10
Cataplasma com pomadas é uma forma de uso da pomada de plantas ou de metais ou mistas quando se espera a atuação da pomada por horas sem tratamento adicional de calor.  No pano de pomada vegetal se usa uma substância vegetal que pode ser absorvida pelo organismo através da pele e por isso se usa uma pomada reabsorvível que consiste na maioria das vezes em gordura de lanolina, cera de abelha ou óleo.                                                                          
 Conforme o conhecimento antroposófico os metais tem uma intima relação com as forças arquetípicas planetárias, mas também com os órgãos humanos e seu funcionamento especialmente com processos patológicos. Uma pomada de metal contem uma base difícil de reabsorver, mas boa para cobrir, por ex. parafina ou vaselina. Assim a pomada de metal faz uma camada que brilha no pano, e a irradiação do metal atua no local como um espelho. 4-9
Pomada
Local da aplicação
Indicações


Cuprum 0,4 ou 0,5%
pernas


baço

Varizes, edema, insuficiência arterial com extremidades frias

Desnutrição, inapetência e anorexia
Ferrum 0,1ou 5%
região hepática
Doenças hepatobiliares e depressão

Plumbum 0,1%
região esplênica

nuca
Leucemia e linfogranulomatose
Raquitismo e osteoporose

Stannum 0,4 ou 5%
fígado

articulações
Disfunções hepáticas

Inflamações crônicas, artrose e artrite reumatoide


Além de metais, é possível fazer cataplasmas com produtos vegetais e animais:
Cataplasma
Indicações
Repolho
Alivio de dores articulares
Cebola
Furúnculos e processos inflamatórios localizados
Ricota
Edema e erisipela

1.3 PEDILÚVIO OU ESCALDA-PÉS
Escalda pés ou pedilúvio é uma terapia aonde o paciente mergulha dos pés às panturrilhas em um recipiente com água quente, podendo ou não, conter uma substância terapêutica.
O paciente fica sentado comodamente e o quadril e as coxas permanecem cobertos com uma toalha grande para manter o calor.
A troca de calor acontece pelo mecanismo de convecção, ou seja, transferência de calor por condução e movimentação de massa, característico dos fluidos.
Pode-se fazer o escalda-pés inicialmente com uma temperatura de 35°C e progressivamente aumentar para 40°C. Sua duração varia entre 10 a 20 minutos.
Para ativação da circulação e estímulo do organismo térmico podemos utilizar uma técnica de pedilúvio em que é indicado alternar entre 3 a 5 vezes, calor até 40°C por 1 minuto e frio cerca de 15°C por 30 segundos terminando com frio.
O escalda-pés tem uma ação derivativa, ou seja, há um deslocamento dos processos de congestão (sejam corporais ou psíquicos) que estão na região do Sistema Neurosensorial, para o Sistema Metabólico Motor por intermédio da concentração do calor nos pés. 4
O escalda-pés pode ser terapêutico apenas com água, mas algumas substancias quando acrescentadas à agua potencializam o efeito:
Substancia
Ação terapêutica
Lavanda
Aquecimento, relaxamento e harmonia.
Rosmarinus off (Alecrim)
Ativação da circulação, indicado pela manhã.
Mostarda (3 colheres)
Melhora sintomas de gripe, sinusite e amigdalite (especialmente à noite).
Sal marinho (1 colher)
Auxilia nos quadros de hiperidrose.
Capim-cidreira
Qualidade energética, relaxa, acalma e descongestiona.

1.4 ENVOLTÓRIOS OU ENFAIXAMENTO
O enfaixamento ou envoltório é uma técnica que utiliza 2 lençóis de algodão aquecidos no vapor e embebidos ou não com óleos essenciais. O paciente deitará sobre os lençóis e terá seu corpo todo envolvido pelos lençóis por cerca de quarenta minutos.                                                                                                                                               A aplicação do enfaixamento produz calor corporal e relaxamento. Pela fisiopatologia antroposófica existe um afastamento da Organização Anímica, permitindo a maior atuação da Organização Vital e da Organização do Eu.11  
Há também a possiblidade de realizar enfaixamentos em partes do corpo:
Componente
Local
Indicação
Mostarda
Tórax
Pneumonia e bronquite
Cebola
Tórax
Bronquite com muita tosse
Chá de Alcarávia
Abdômen
Meteorismo e cólicas
Repolho
Articulações
Feridas
Artrite e reumatismo
Cicatrização
Limão (quente ou frio)
Pescoço
Panturrilha
Anti-inflamatória
Antitérmica
Óleo de Viscum
Corpo
Pacientes oncológicos

2. MASSAGEM RÍTMICA
A massagem rítmica foi desenvolvida por Ita Wegman (médica e fisioterapeuta) a partir da massagem sueca. Nas formas básicas se distinguem da originária pela acentuação do elemento ritmo, aplicação de toques com qualidade de sucção em vez do caráter usual de pressão. A sucção dos fluidos ativa as forças de impulso ascendente, do empuxo, que devem agir em toda circulação a fim de contrabalançar a gravidade. Este atuação anti-gravitacional estimula as forças vitais no campo biológico abrindo-o às influências cósmicas. HAUSCHKA, 1985, p.94
A massagem rítmica tem como função apoiar e sustentar o sistema rítmico através do toque de sucção rítmica, ou seja, simulando pelo toque das mãos, as pulsações cardíacas, estimulando e equilibrando a atuação de todas organizações (HAUSCHKA, 2007). Para Hauschka (2007) essa ritmicidade não se constitui de uma técnica, mas de uma arte. Para tanto é necessário o conhecimento ampliado do homem que leve em conta a trimembração e a interação tanto sadia quanto patológica desse princípio.
O toque das mãos deve ser suave, fazendo círculos que aquecem com o intuito de restabelecer e estabilizar o ritmo adequado para o bem estar físico, anímico e espiritual da pessoa. Os movimentos usados são: deslizamento, amassamento, malaxação, fricção e vibração, além da introdução muito eficaz da lemniscata e suas variações, a qual mostrou ser eficaz na harmonia e confluência dos efeitos biológicos dinâmicos (HAUSCHKA, 2007, p. 96).
3. BANHOS MEDICINAIS
A água, dentre todos os elementos, é o primeiro que está aberto para o Cosmo, a sua essência é pura e pode carregar vida. Ela pode ser permeada pelo organismo vital cósmico (organização vital), podendo conter ar e forças vitais. Funciona como balança, desfazendo tensões, atua sobre o centro do homem.
MIGLIO (2011) definiu esta terapia como um procedimento terapêutico que utiliza a água associada a substâncias medicamentosas com seus efeitos benéficos. O corpo é aliviado da ação da gravidade, encontra-se numa situação semelhante à que experimentou quando embrião. Por isso, o banho independente da composição da água exerce profundo efeito sobre a consciência humana, o homem sente-se desligado das forças terrenas. O banho é uma atividade que foi praticada por todos os povos no decorrer da história (MIGLIO, 2011, p.8).
Os efeitos dos banhos no Sistema Rítmico acontecem devido à presença do gás carbônico na água, que aprofunda a respiração, diminui o tônus muscular, reduz a sensação de peso, estimula a circulação dos líquidos intersticiais, aumenta a diurese, promove vasodilatação, auxilia na remoção de catabólitos e consequentemente leva ao relaxamento.
Durante o banho o cliente recebe uma massagem baseada nos princípios da massagem rítmica (deslizamento). Após o banho o paciente é encaminhado para uma cama, sem secar o corpo e é envolvido por camadas de tecidos: a primeira camada, de tecidos de algodão e a segunda por cobertores, para que não haja perda do calor e a pessoa permaneça no momento de encontro consigo mesma que é o repouso terapêutico. Uma toalha é colocada em torno de sua cabeça e seus ombros. Este repouso dura aproximadamente trinta minutos.8-13
Os banhos medicinais conforme suas indicações podem ser divididos em:
  1. NUTRITIVO
  2. LEMNISCATA
  3. De ESCOVAÇÃO
  4. COM ÓLEO DE DISPERSÃO
  5. HIPERTÉRMICO
  6. De FRICÇÃO

- No Banho Nutritivo utiliza-se leite de vaca fresco, gema de ovo, limão e mel. Esta mistura é acrescida à água quente, na temperatura de 36º a 37ºC. Rudolf Steiner indicava os banhos nutritivos nos casos de desvitalização, com esgotamento e fadiga e consequente enfraquecimento da vitalidade. São muito eficazes também quando realizados em crianças magras e descoradas, e em adultos em períodos de convalescência. As substâncias têm finalidades distintas: o leite liga-se ao corpo físico; o mel, por sua vez apresenta polaridade por ser um elemento cósmico ligado ao calor; o limão, pelo seu óleo etérico, fortalece o tecido conjuntivo, revitalizando, e a água, que é o elemento vital da natureza (MACHADO, 1999).                A pessoa permanece na banheira com a temperatura da água entre 37 e 39°C, por vinte minutos e em repouso por uma hora.
- Banho de Lemniscata para sua execução são feitas lemniscatas bem rítmicas na água circundando todo o corpo do cliente. O banho deve durar de 8 a 10 minutos. Ativa o organismo calórico e é apropriado para desintoxicações, doenças reumáticas, para anoréxicos e pacientes que estejam recebendo quimioterapia.
- O Banho de Escova tem a finalidade de ativar e estimular a circulação periférica e dissolução de estase em edema e sobrepeso. Considerado estruturador e catabolizante. Este banho é realizado com uma escova em cada mão que, com movimentos longitudinais, escova todo o corpo, com uma técnica específica (CAMPOS, 1999).
- Os Banhos de Óleo de Dispersão são feitos usando-se óleos essenciais que passam por um processo de dispersão na água através de um aparelho próprio. Os óleos usados podem ser de arnica, de alecrim, de bétula, de camomila e de eucalipto. O banho é indicado em várias situações: na artrite reumatoide, o banho aumenta o calor corporal e ajuda desnaturar as proteínas velhas acumuladas nas articulações; na asma, o aumento do calor corporal dilata os brônquios; na bronquite, o aumento do calor corporal fluidifica as secreções facilitando a eliminação.
- Banho Hipertemico é um procedimento para atingir uma temperatura corporal de 38 a 42°C de acordo com a avaliação prévia e com a intenção de provocar um estado hipertérmico e sudorese.
É eficaz como anti-inflamatório, analgésico, relaxante e como inibidor do desenvolvimento de células cancerosas benignas ou malignas. (AIROLA, 1993).
- Nos Banhos de Fricção é usada a luva de sisal para que se façam movimentos de malaxação em todo o corpo, seguindo os movimentos da massagem rítmica. Está contraindicado nas pessoas hipertensas, nos fogachos do climatério e nos pletóricos (CAMPOS, 1999).                                 Ele atua ativando o polo neuro sensorial e dissolvendo entorses e congestões. As fricções devem ser suaves, o que lhe dá um caráter anabólico, por isso é tão indicado para pacientes psiquiátricos, pois auxilia os desbloqueios e fortalece a vontade.
Indicações de substâncias para Fricções e Banhos de Dispersão de Óleo:
Óleo
Ação
Aplicação
Indicação
Rosmarinus
Ativa o organismo calórico, aquece o metabolismo, ativa a circulação,
banhos e fricções.
anemias, estados de esgotamento e diabetes
Lavanda
Tonifica os nervos, acalma, ajuda no adormecer
banhos ou fricções
portadores de doenças degenerativas do Sistema Nervoso.

Tomilho
Atua trazendo calor
fricções no tórax e abdome ou banhos.

secreção brônquica persistente, coqueluche, gastrite e cólicas abdominais
Sálvia
Domina e aquece o organismo onde há liquefação, configurando e estruturando tecidos
gargarejos, vaporizações e banhos.

incide nas glândulas e funciona como anti-inflamatório
Manjerona
Aquece o organismo e os órgãos genitais
banhos
inflamações e debilidades dos órgãos genitais.

Melissa
Sobre os processos rítmicos
banhos e fricções
ansiedade, insônia, dismenorreia e flatulência.

Camomila
Metabolismo
banhos e fricções
anti-inflamatório e relaxante
Calêndula

Antisséptico natural e ajuda na reconstrução de tecidos
banhos
processos inflamatórios na pele
Aconitum Composto
Anticongestiva, analgésica
fricções locais
nevralgia do trigêmeo e neurites
Arnica
Anti-inflamatória
fricção no local da dor ou em banhos
contusões e hematomas
Limão
Os óleos essenciais de sua casca exerce força de contenção nos processos orgânicos em que o elemento líquido tende a perder sua estrutura original
banhos e fricções
problemas digestivos, reumatismo, câimbra, asma e nos estados gripais

Equisetum
Diurético
banhos e enfaixamento
distúrbios dos rins, bexiga
Eucalipto.
Expectorante
banhos ou fricção na região torácica.

bronquite com muita tosse ou em problemas respiratórios
Rosa
Promove harmonia
banhos e fricções
esgotamento e convalescença
Bétula 
Vitalizante
banhos e fricções
doenças articulares, artrose e reumatismo
Hipericum
Antidepressivo
banhos e fricções
fraqueza constitucional, enurese, distúrbio do sono, depressão e câncer.


4. BANHOS EM MUCOSAS RETAL E VAGINAL
O banho intestinal é a única terapia externa que não é realizada diretamente através da pele. Tem como finalidades retirar os detritos acumulados, promover a depuração do sangue, purificar e nutrir os tecidos do organismo, melhorar o sistema de absorção e digestão dos nutrientes (revitalizando o sistema metabólico), desintoxicar os alcaloides e dependentes químicos, através da revitalização do fígado, revitalizar o sistema imunológico, favorecer a excreção de toxinas com ação diurética, auxiliar no tratamento do combate ao estresse, estimular a regularização do hábito intestinal e preparar o organismo para receber o tratamento medicamentoso antroposófico, o que ocorre pela penetração dos chás (MIGLIO, 2011; MACHADO, SANTOS; TOPLER, 2004).                                                                                                        O intestino grosso sofre impactos não só dos maus hábitos alimentares da vida moderna, mas de descargas de energias conflitivas e desequilibradas advindas do mundo psíquico do indivíduo. Com o tempo haverá repercussão na flora e peristaltismo intestinal com consequente alteração na consistência da massa fecal e na frequência de evacuações.                                                  Consiste na introdução por via retal, de água pura ou acrescida de substância terapêutica. A quantidade de líquido usado varia entre 500 ml a 2 litros. A temperatura geralmente é morna (entre 25°C e 35°C).                                                                                                                                                    Além de não gerar dependência, como acontece com os laxantes, a terapia melhora a tonicidade e a motricidade da parede do cólon, estimulando seu funcionamento espontâneo, além de revitalizar a flora.8   
O enema desintoxicante pode ser composto de chás: eucalipto (Eucaliptus citriodora), hortelã-crespa (Mentha crispa), hortelã-do-campo (Hyptis suaveolens), marcela (Achyrocline satureioides) e mentrasto (Ageratum conyzoides) ou com extrato de coffea que age estimulando o fígado e vesícula a expelir suas toxinas.
Pode ser ter um efeito regenerador quando se utiliza a Nicotiana-F que atua quase que diretamente no cérebro.
Banho intestinal feito com coco-da-baía (Cocus nucifera) possui qualidades nutritivas e regenerador.14
Banho de assento:
Edema vulvar e varicose vulvar podem ser tratados Banho de Castanhas (1 tampa no banho de assento) ou Quercus, dec etanoico 20% tintura para uso externo (1 colher de sobremesa no banho de assento) (Arte Med Ampl Ano XXIX nº3 e 4 – Prim Verão/2009)
Como apoio ao tratamento de distúrbios diversos da região infra-abdominal, tais como disfunções intestinais e genitais, processos inflamatórios e degenerativos, indica-se o banho de assento tonificante com agua fria (10 a 15°C) com duração de até 3 minutos.
Banho de assento purificador com chá composto de alecrim do campo (Baccharis dracunculifolia), artemísia (Artemísia verlotorum), mastruz (Lepidium pseudodydimum) e mentrasto (Ageratum conyzoides), são indicados para auxiliar processos de regeneração celular. São utilizados a uma temperatura entre 28 e 35°C, por 10 a 15 minutos.
Importante ressaltar que nestes banhos a água deve ser o suficiente para cobrir toda região pélvica, da parte superior das coxas até a região renal.14

ARTIGOS CIENTÍFICOS
A neozelandesa Tessa Therkleson, enfermeira Antroposofica, descreveu em um artigo publicado um estudo comprovando a melhora de pacientes portadores de osteoartrite após aplicação de emplastro quente de gengibre durante dias consecutivos. Os resultados mostraram alivio dos sintomas, melhora nas condições de saúde e aumento da independência.                                                        THERKLESON T. (2010) Ginger compress therapy for adults with osteoarthritis. Journal of Advanced Nursing66(10), 2225–2233.)
Em São João Del Rei/MG, na rede pública municipal, uma equipe multidisciplinar vinculada a Saúde da Família desenvolve um trabalho fundamentado na Antroposofia desde 2003, utilizando TEA. Alguns pacientes recebiam escalda-pés, deslizamentos e envoltórios e outros recebiam outras terapias como banho nutritivo ou emplastro com argila.
Para realização do escalda-pés são usadas ervas medicinais tais como: Achillea milifollium (mil folhas), raiz do gengibre - Zingiber officinale Rosc., sementes de mostarda – Sinapis alba e pó de enxofre  
Para os emplastros aproveita-se a argila do local, secada ao sol, peneirada e misturada em água fria, chás (arnica mineira – Lychonophora pinaster ou erva-de -são-joão – Ageratum conyzoides L.Sieber. Essa massa é aplicada no local da dor.
As queixas mais frequentes foram depressão, ansiedade, artralgia, insônia, lombalgia e cervicalgia. Neste relato de experiência o resultado encontrado foi uma melhora dos sintomas em 69% dos pacientes. VIEIRA PMO. (2004) Saúde da Família e Medicina Antroposofica. Arte Médica Ampliada Revista da Associação da Medicina Antroposofica Ano XXIV(04), 20-29.
Um estudo piloto realizado no Ambulatório de Antroposofia e Saúde como parte do projeto de Pós Doutorado de GHELMAN, e apresentado no I Congresso do Núcleo de Medicina e Práticas Integrativas da UNIFESP em 2014 buscou definir a temperatura e o tempo ideal de pedilúvio que permitisse um efeito sistêmico do calor. Este efeito foi medido pela termometria percutânea através de uma termografia dinâmica em que a temperatura das mãos e face dos voluntários foi avaliada durante o escalda-pés. Após 20 minutos a 40 graus, houve uma resposta positiva de aquecimento destas regiões.
Estudo realizado no Hospital Sofia Feldman identificou as práticas integrativas e complementares mais utilizadas pelo Núcleo na saúde da mulher e conhecer as impressões das usuárias a respeito de sua aplicação. A maioria das mulheres foi internada para tratamento de intercorrências clínicas na gravidez (21,8%) e realização de parto (64,4%). As práticas mais utilizadas foram a musicoterapia (100%), a aromaterapia (100%), a oficina de chás (92,4%) e o escalda-pés (91,4%). As práticas integrativas e complementares promoveram resultados satisfatórios, provocando alívio dos sintomas físicos e psíquicos. Esse fator muito contribui para sua utilização como forma de suporte na assistência obstétrica voltada para a humanização.                                                               O incômodo e o desconforto gerados pelo inchaço nas pernas e nos pés foram amenizados com o uso do escalda-pés em todas as mulheres que apresentaram esse problema. O escalda-pés realizado foi feito em infusão de água morna, ervas medicinais, sais aromáticos e flores, com posterior realização da reflexologia podálica e calatonia. BORGES MR. et al(2011) As práticas integrativas e complementares na atenção à saúde da mulher: uma estratégia de humanização da assistência no Hospital Sofia Feldman. Reme-Ver Min Enferm 15(1), 105-113.
Um estudo duplo cego e randomizado com pacientes com mais de 50 anos que realizaram escalda pés com agua á 41 -42°C cobrindo os tornozelos por 20 minutos por seis semanas resultou numa melhora da qualidade do sono, em termos de duração e estabilidade SEYYEDRASOOLI A. et al(2013) The Effect of Footbath on Sleep Quality of the Elderly: A Blinded Randomized Clinical Trial. J Caring Sci. Dec; 2(4): 305–311
No Japão, um estudo de enfermagem, utilizando escalda-pés, com portadores de câncer, comprovou que após o grupo ser submetido à terapia o índice de secreção salivar de imunoglobulina A foi significativamente aumentado e o nível de cortisol foram reduzidos, além disso, foi perceptível um alívio significativo da dor e relaxamento. YAMAMOTO K et al(2011) Physiological and psychological evaluation of the wrapped warm footbath as a complementary nursing therapy to induce relaxation in hospitalized patients with incurable cancer: a pilot study. Câncer Nurse. May-Jun;34(3):185-92.
Em 2014 uma publicação no jornal global advances in health and medicine traz um estudo prospectivo de 1631 pacientes ambulatoriais que usaram terapia antroposófica para transtorno de ansiedade, déficit de atenção, depressão, dor lombar.                                                                                                                                                         As terapias antroposoficas incluíam medicamentos antroposoficos, terapia artística, euritmia,e massagem rítmica. O acompanhamento por 48 meses desses pacientes alemães identificou melhoras relevantes dos sintomas e qualidade de vida com baixos custos. HAMRE H J et al. (2014) Overview of the Publications From the Anthroposophic Medicine Outcomes Study (AMOS): A Whole System Evaluation Study. GLOBAL ADVANCES IN HEALTH AND MEDICINE 3(1), 54-70.



Referências Bibliográficas
1.   Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 92 p.

2.      Bentheim T, Bos S, Houssaye E, Visser W. Caring for the sick at home.Edinburgh: Floris Books  Anthroposophic Press;1987.

3.      Miglio AA. A utilização de terapias externas pela enfermagem na atenção primária em saúde: uma proposta de intervenção segundo os pressupostos da Medicina Antroposófica. 2010. 50f. Monografia( Especialização em Saúde Coletiva) Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.

4.      Miglio AA. Aplicações externas. Apostila. Belo Horizonte: X Congresso Brasileiro de Medicina Antroposófica/V Simpósio de Terapias Antroposóficas;2011.

5.       Ghelman R, Hosomi JK, Yaari M et al. Ficha Clínica Antroposófica do Núcleo de Medicina Antroposófica da Universidade Federal de São Paulo – Escola paulista de Medicina. The anthroposophic medical record of Center of Anthroposophic Medicine – Federal University of São Paulo. São Paulo: Revista Arte Médica Ampliada, vol 32, n.1/janeiro/fevereiro/março de 2012.

6.      Vieira PMO. Saúde da Família e Medicina Antroposófica: relato de experiência. Revista da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, São Paulo, v. 24, n. 3-4, p. 20-29, primavera/verão, 2004.

7.      Nuñez HMF. Enfermagem antroposófica: uma visão histórica, ético-legal e fenomenológica. 2008. 301 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.


8.      Ribeiro RM.O Cuidado ampliado pela Antroposofia: um estudo de caso sobre a prática da enfermagem antroposófica. 2013.123f. Tese( Pós graduação em Enfermagem) Universidade de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.

9.      Campos JM. Guia Prático de terapêutica externa: métodos e procedimentos terapêuticos de grande simplicidade e eficácia. São Paulo:Cultrix-Pensamento;1993.

10.  Gerardo AB. O Corpo Calórico. Revista da Associação Brasileira de Medicina Antroposófica, São Paulo, março, 1998

11.  MachadoWP. Os processos de cura. A utilização das terapias externas na Medicina Antroposófica.2014. Disponível em www.antroposofy.com.br/wordpress/os processos da cura/ acesso em 24/05/2015

12.   Hauschka M. Massagem Rítmica: Segundo Ita Wegman – Fundamentos antropológicos. São Paulo: Antroposófica;2007.

13.   Michaela G, Goebel W. Medicina de Orientacion Antroposofica – Compendio Terapêutico. Buenos Aires: Weleda, 1990.

14.  Campos JM. Terapêuticas para Regeneração Celular. São Paulo: Pensamento-Cultrix; 2003.