Os sete processos vitais são fundamentais para que a enfermeira antroposófica obtenha uma visão da situação de saúde de uma pessoa, tanto física quanto na alma.
Excerto da conferência proferida por Rudolf Steiner em Dornach no dia 12 de agosto de 1916.
Apresento agora a vida
propriamente dita, da forma como flui através de nós. A vida pulsa por todo o
organismo e é, por sua vez, diferenciada. De início temos algo que, de certo
modo, precisa estar presente em tudo o que é vivo: a respiração. A relação com
o mundo exterior que se dá por meio da respiração, tem de estar presente, de
certa forma, em tudo o que é vivo. Não posso agora entrar em detalhes sobre
como a vida, por sua vez, diferencia-se nos animais, nas plantas e nos homens,
mas em tudo o que é vivo existe, de certa maneira, a respiração. A respiração
do homem é renovada constantemente por algo que ele assimila do mundo exterior;
e isso beneficia todos os âmbitos sensoriais. O sentido do olfato não pode
vigorar – nem o sentido da visão, nem o da audição – se o que a vida obtém por
intermédio da respiração não beneficia todos os sentidos. Portanto, ao lado de
cada sentido teríamos de escrever ‘respiração’. Nós respiramos, não é mesmo?
Mas o que é realizado por meio da respiração, como processo de vida, beneficia
todos os sentidos. Em segundo lugar, podemos fazer distinções quanto ao
aquecimento. Ele ocorre com a respiração, mas é algo diferente dela. O
aquecimento, o aquecimento que penetra em nosso interior, é uma segunda maneira
de manter a vida. Uma terceira maneira de manter a vida é a alimentação. Temos
aqui as três maneiras de, a partir de fora, vir ao encontro da vida com
processos vitais: respiração, aquecimento e alimentação. A tudo isso pertence o
mundo exterior. A respiração exige um pré-requisito, uma substância que, no
caso do homem, é o ar, como também no caso do animal. O aquecimento requer um
determinado calor do ambiente com o qual nos relacionamos. Imaginem os senhores
como seria impossível viver com uma temperatura interna correta se a
temperatura ambiente fosse mais elevada ou mais baixa! Imaginem se a
temperatura fosse cem graus mais baixa: então o aquecimento das pessoas não
seria possível – ele cessaria; ou se fosse cem graus acima: os senhores iriam
apenas transpirar! Da mesma forma, a alimentação é necessária no caso de
considerarmos o processo vital como processo terreno. Agora chegamos aos
processos vitais situados mais no interior. Temos então o processo seguinte,
que pertence mais ao interior e poderia ser chamado de transformação,
interiorização daquilo que foi assimilado de fora – é a transmutação, a
metamorfose do que foi assimilado do exterior. De acordo com o que já foi
empregado como terminologia numa outra ocasião, eu gostaria de denominar esta
transformação empregando novamente estes termos. Na ciência ainda não existe
terminologia para isso; temos de cria-la, porque todas essas coisas ainda não
foram diferenciadas. A transformação do que foi assimilado de fora e que
depende meramente de processos internos, podemos imaginá-lo ocorrendo em quatro
passos. O que ocorre internamente em primeiro lugar, depois da alimentação, é a
segregação interna. A segregação já ocorre quando o alimento ingerido é
assimilado pelo corpo, quando ele se tornou parte do organismo. Não se trata só
da segregação para fora, mas também do anúncio daquilo que foi assimilado no
interior através das substâncias nutritivas. Em parte a segregação consiste em
expelir, mas também consiste na assimilação dos nutrientes. Trata-se da
separação executada pelos órgãos que servem à alimentação, ou seja, a
segregação para dentro do organismo. Aquilo que é segregado para dentro do
organismo tem de ser mantido no processo vital mais peculiar e deve ser
denominado manutenção. Para manter-se, a vida deve não só conservar o que se
ingere, mas também ampliá-lo. Tudo o que é vivo está sujeito a uma
multiplicação, a um processo de crescimento num sentido mais amplo; o processo
de crescimento pertence à vida – a manutenção e o crescimento. Além disso, faz
parte da vida aqui na Terra a criação do todo. O processo de crescimento requer
apenas que um elemento crie outro; já a reprodução, é um processo situado acima
do mero crescimento, gerando um indivíduo da mesma espécie. Além destes sete
processos, não existe mais qualquer processo vital interno. A vida se divide em
sete processos: 1) Respiração; 2) Aquecimento; 3) Alimentação; 4) Segregação;
5) Manutenção;6) Crescimento; 7) Reproducão.